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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O voo do papel


(Imagem-Google Imagens)

No chão, em frente a um prédio, uma pichação: TE AMO.
Num salão de festa, no mesmo prédio, as cadeiras esperam, "pacientes", pelos convidados.
No céu nuvens bordadas insinuam esboços humanos se amando.
Dois pássaros passam brincando de esconde-esconde como meninos arteiros.
Um adolescente passa cabisbaixo, provavelmente, pensando o que fazer sábado à noite.
Uma jovem senhora passa puxando pelo braço seu filho “doentinho”.
Vários carros passam em fila, na avenida, como se tivessem marcado a hora do encontro.
Pessoas passam arrastando as sandálias com a falta de pressa do sábado.
A tarde fica sonolenta e o divagar ,do poeta, é inevitável e sem pressa.
O poeta fica na letargia do tempo, da rua, da avenida e da cidade.
Assume o embalo calmo das pessoas que passam na rua.
Assume o palpitar macio do pulso da rua que ecoa no coração da cidade.
O poeta quer olhar pra rua e não quer olhar na sua própria avenida.
Assume a dinâmica do movimento que não para, embora pareça lento.
Resolve emprestar o seu olhar pra vida cirandar como quiser e quando quiser.
Subitamente, um papel sai do chão e voa e volta e, depois, cai para voar de novo.
O papel desperta um fascínio no poeta que resolve acompanhar sua trajetória.
O papel traz de volta um brilho “travesso” no seu olhar e desperta a criança adormecida.
O poeta resolve sair de si e divagar nos braços da sua alma pueril.
Deixa-se guiar pelas asas do papel que sobe ou desce conforme a direção do vento.
Assume a condição de papel, que o vento leva, e põe sua alma nessa vida itinerante e imprevisível.
Não sabe quando vai parar e o quanto vai aprender, nessas passagens, nos braços do vento.
Vai se deixando levar , sem controle, esquecendo o que acontece na periferia.
Vai sentindo a leveza de ser papel e voar, cair, voar, cair...voar!

Maria Helena Mota Santos


2 comentários:

  1. Helena,

    O voo de papel
    soube-me a mel,
    Não foi um voo qualquer
    tem perfume de mulher.
    Poeta é,
    quem se assume
    e, sabe cair de pé.
    Cair e levantar
    tem muito que se diga,
    um pouco à guisa
    de sonhar e fantasiar
    na antecâmara da vida,
    Dar, dar-se
    num acto reflexivo
    voar, cair, ...
    função contínua
    vai deixar de ser,
    no dia
    em que deixar
    poder voar.
    Estendido no chão
    ou no caixão
    sobra-lhe a alma
    e, uma amostra de coração.

    P.S.
    Não te escapa nada, dum simples papel, transformaste numa linda poesia.

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  2. O mundo é uma poesia itinerante, amigo! Eu vejo poesia em cada ponto que o olhar da minha alma alcança. Só quando me distraio da minha essência a poesia passa sem que eu a sinta! Abraços!

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