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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Transparência


(Google Images)

Quero olhar dentro de mim
Sem máscara
Sem caleidoscópio
Sem subterfúgio
Sem brincar de esconder
Quero encarar o que dói
O que cicatrizou
A ferida que apenas fechou
Mas desperta a cada pesadelo
Quero dançar comigo mesma
Na sinfonia do momento
Sem valsa encobrindo samba
Sem samba encobrindo valsa
Quero bailar no salão da vida
Vida Real sem fronteiras
Vida sem grilhões
Quero dar o grito certo
No lugar certo
Quero sonhar
Sem me esconder de mim
Quero ir
Quero vir
Quero falar palavras presas
Quero falar de pensamentos
De sofrimento
De alegria
Quero escutar o companheiro
Sem misturá-lo comigo mesma
Quero passear com o amigo
Sem interferir no seu mundo
Quero ser eu
Sem pedir desculpas
Quero ser autêntica
Quero partir do mundo um dia
Sem a sensação de agonia
Ao descobrir que vivia
Uma utopia

Maria Helena Mota Santos

08/05/2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Efêmero


(Google Images)



Após o efêmero vem o gosto cinza da realidade, o despertar amargo, a lentidão dos músculos e o olhar opaco.

Após o efêmero, o dia fica da cor da Alma, agora incolor, e os ruídos da alegria postiça, do ontem, ecoam como uma tristeza oculta sem pressa de aterrissar e levantar voo.

Após o efêmero as flores parecem murchas. O tempo parece ter parado com o dia e dança uma valsa anêmica no pôr do sol da hora da saudade. Os pássaros acompanham a dança piando seu choro lânguido.

Após o efêmero, o amor não parece reluzir e nem os estímulos estimulam. Catam-se detalhes e se balbuciam palavras soltas e preguiçosas, como se nada mais pudesse jorrar da Alma. É como se o reservatório da alegria tivesse esgotado e toda reserva fosse para o túnel da tristeza.

Após o efêmero, a primavera parece sem flor e sem cor. A dor dói sem arte. Ela faz ressonância no lado esquerdo do peito e nem se sabe se é dor ou se uma pausa da euforia.

Após o efêmero, não há encontro. Os sentimentos desfilam mas não se identificam. Não se sabe qual a cor, a idade, a procedência e a vida útil. Só se sabe que esses sentimentos não são precursores da alegria.

Após o efêmero, vive-se apenas o morrer da fantasia que se usou nos carnavais da vida.

Maria Helena Mota Santos

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Incertezas

(Google Images)

No terreno fértil
dos porquês
descobri a sabedoria
das perguntas
sem respostas

Em terreno íngreme
e nas pausas
para as esperas
encontrei
o silêncio salvador

Percebi
nas entrelinhas
que as respostas
desencantam o fascínio
do saber

As perguntas
abrem caminhos
e aguçam um tempo
aprendiz
de incertezas

Maria Helena Mota Santos