terça-feira, 31 de julho de 2018
Cores derramadas
Pintei poesia
De tintas derramadas
Derramei o azul
Do estoque do meu céu
E fiz do verde
A cor da minha estrada
Derramei o vermelho
E fiz rosas no caminho
Com a cor bege
Pintei o aconchego
Do meu ninho
Com a tinta preta
Realcei o meu olhar
Que assim aprendeu
Todas as cores
Matizar
E não havia
Cores de solidão
Todas se abraçavam
Pra pintar uma emoção
Enfim vi uma tela
Sem contorno
E sem desfecho
Sempre era possível
Ter outras tintas
E o recomeço
Maria Helena Mota Santos
sábado, 28 de julho de 2018
Encontro
Pessoas me tocam
sem toque
Com a luz do olhar
me envolvem
A minha escuridão
dissolvem
E as sombras dos dias
removem
São pessoas do meio
da gente
Que do lugar comum
transcendem
E como anjo da guarda
se sentem
E a luz do meu ser
acendem
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 23 de julho de 2018
O encanto de ser
Tinha as asas de um pássaro e pousou perto do céu
Escolheu uma estrela e a trouxe pra sua estrada
Pegou uma nuvem branca e se deitou sobre ela
Brincou com o sol e bronzeou os seus dias
Esperou pela lua e a fez iluminar suas noites
Encontrou um cometa e embarcou na sua cauda
Encantou-se com Saturno e usou o seu anel
Encontrou um arco-íris e ganhou um pote de ouro
Viu o esboço de Deus e desenhou sua fé
Tinha os olhos coloridos e enxergou o invisível
Escolheu ver as cores nos quadros neutros da vida
Pegou uma varinha mágica e encantou corações
Brincou com a incerteza e enfrentou a viagem
Esperou a alegria e dispensou a tristeza
Encontrou um atalho e preferiu um caminho
Encantou-se com a vida e enfrentou os percalços
Encontrou um anjo e herdou sua leveza
Viu o esboço de Deus e desenhou seu amor
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Amor de amigo
Há um amor que me invade a alma
E na angústia me acolhe e acalma
Há um amor que me faz companhia
E me ampara nas travessias
Há um amor que conheci na vida
E que é bálsamo para as feridas
Há um amor que me acompanha ao longe
E não me fere e nem me constrange
Há um amor que me dá aconchego
E é um abraço sempre que eu chego
Há um amor que segue sempre comigo
Amor de irmão, Amor de amigo
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 17 de julho de 2018
O voo do papel
No chão, em frente a um prédio, uma pichação: TE AMO.
Num salão de festa, no mesmo prédio, as cadeiras esperam, "pacientes", pelos convidados.
No céu nuvens bordadas insinuam esboços humanos se amando.
Dois pássaros passam brincando de esconde-esconde como meninos arteiros.
Um adolescente passa cabisbaixo, provavelmente, pensando o que fazer sábado à noite.
Uma jovem senhora passa puxando pelo braço seu filho “doentinho”.
Vários carros passam em fila, na avenida, como se tivessem marcado a hora do encontro.
Pessoas passam arrastando as sandálias com a falta de pressa do sábado.
A tarde fica sonolenta e o divagar ,do poeta, é inevitável e sem pressa.
O poeta fica na letargia do tempo, da rua, da avenida e da cidade.
Assume o embalo calmo das pessoas que passam na rua.
Assume o palpitar macio do pulso da rua que ecoa no coração da cidade.
O poeta quer olhar pra rua e não quer olhar na sua própria avenida.
Assume a dinâmica do movimento que não para, embora pareça lento.
Resolve emprestar o seu olhar pra vida cirandar como quiser e quando quiser.
Subitamente, um papel sai do chão e voa e volta e, depois, cai para voar de novo.
O papel desperta um fascínio no poeta que resolve acompanhar sua trajetória.
O papel traz de volta um brilho “travesso” no seu olhar e desperta a criança adormecida.
O poeta resolve sair de si e divagar nos braços da sua alma pueril.
Deixa-se guiar pelas asas do papel que sobe ou desce conforme a direção do vento.
Assume a condição de papel, que o vento leva, e põe sua alma nessa vida itinerante e imprevisível.
Não sabe quando vai parar e o quanto vai aprender, nessas passagens, nos braços do vento.
Vai se deixando levar , sem controle, esquecendo o que acontece na periferia.
Vai sentindo a leveza de ser papel e voar, cair, voar, cair...voar!
Maria Helena Mota Santos
sábado, 14 de julho de 2018
Transparência
Quero olhar dentro de mim
Sem máscara
Sem caleidoscópio
Sem subterfúgio
Sem brincar de esconder
Quero encarar o que dói
O que cicatrizou
A ferida que apenas fechou
Mas desperta a cada pesadelo
Quero dançar comigo mesma
Na sinfonia do momento
Sem valsa encobrindo samba
Sem samba encobrindo valsa
Quero bailar no salão da vida
Vida Real sem fronteiras
Vida sem grilhões
Quero dar o grito certo
No lugar certo
Quero sonhar
Sem me esconder de mim
Quero ir
Quero vir
Quero falar palavras presas
Quero falar de pensamentos
De sofrimento
De alegria
Quero escutar o companheiro
Sem misturá-lo comigo mesma
Quero passear com o amigo
Sem interferir no seu mundo
Quero ser eu
Sem pedir desculpas
Quero ser autêntica
Quero partir do mundo um dia
Sem a sensação de agonia
Ao descobrir que vivia
Uma utopia
Maria Helena Mota Santos
08/05/2010
sexta-feira, 13 de julho de 2018
A flor da amizade
Eu guardei a flor mais linda
Que plantei na solidão
Regada com toda lágrima
Que verteu do coração
Eu guardei a flor mais linda
Que plantei na euforia
Regada com meu sorriso
Que verteu da alegria
Eu guardei a flor mais linda
Que plantei no desalento
Regada com a esperança
Que verteu do sofrimento
Eu guardei a flor mais linda
Que plantei na adversidade
Regada com todo apoio
Que verteu da amizade
Eu guardei a flor mais linda
Que plantei na gratidão
Para dar a cada amigo
Que me afaga o coração
Maria Helena Mota Santos
domingo, 8 de julho de 2018
Poetizei
Sem saber
Que não seria
Fui
Sem saber
Que não queria
Quis
Sem saber
Que não viria
Esperei
Sem saber
Que era fugaz
Eternizei
Sem saber
Que era verso
Poetizei
Maria Helena Mota Santos
sábado, 7 de julho de 2018
Construção
Antes que a terra trema
E o mundo venha ao chão
Vou refazer os alicerces
E fazer nova construção
Antes do abalo sísmico
Antes da trepidação
Antes que o caos se instale
Vou buscar uma solução
Mas se o tremor chegar
Vou salvar o que restou
Recordações e histórias
De quem por aqui passou
Vou enxugar as lágrimas
De quem está desamparado
Vou distribuir sorrisos
Pra quem está desencantado
E nesse mundo caótico
Vou amenizando a dor
Doando a quem precisa
Muita paz e muito amor
Vou colher muitas flores
Do jardim que vou plantar
Vou cobrir o chão de rosas
Pra toda essa gente pisar
Maria Helena Mota Santos
19/04/2010
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Verso em flor
Era pra ser uma poesia
Versificada no pra sempre
Mas o verso eternamente
Desfez-se da estrofe
De repente
E a poesia teve fim
Lá na estrofe recomeço
Os versos de outra época
Mudaram de endereço
E a nova poesia
Teve espinhos a lhe ferir
E da dor brotou a flor
Que enfeitou novo jardim
A poesia agora escrita
Tem na lágrima o regador
Chove verso no inverso
Do sentimento que brotou
E no novo há o alento
De saber-se beija-flor
Que visita outros jardins
Sem encontrar a sua flor
Maria Helena Mota Santos
20/10/2013
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