terça-feira, 26 de maio de 2020
A máscara do eu
Vesti-me de flores
Para atrair a alegria
Andei pelo mundo
E me fiz fantasia
Coloquei uma máscara
Que meu rosto escondeu
Caminhei pela vida
Buscando o meu eu
O eu rebuscado
De tanta inferência
O eu maltratado
Pela obediência
O eu remexido
Pelas dores sentidas
O eu naufragado
Nas lágrimas contidas
Escutei minha voz
E de frente me olhei
Eu era tão simples
E me compliquei
Agora sou várias
Nenhuma delas sou eu
Preciso encontrar
O que em mim se perdeu
Tirei minha máscara
E no espelho me olhei
Examinei o meu rosto
E não me encontrei
No reflexo do espelho
Encontrei uma menina
Que não mais chorava
Que não mais sorria
Peguei-a no colo
E embalei o seu sonho
Ela mora comigo
E não mais a abandono
Maria Helena Mota Santos
23/11/2010
quinta-feira, 21 de maio de 2020
Eu quase sei
Eu quase sei
que não mais quero
o que tanto tempo
esperei
Não quero o morno
o intervalo
de uma vida
que não planejei
Eu quero o ocaso
renascendo
sob a luz
do amanhecer
Eu quero a flor
de toda cor
que a cada espinho
me faz crescer
Eu quero a rima
imperfeita
e entoada
no meu canto
Eu quero as partes
encontradas
e libertadas
em cada pranto
Maria Helena Mota Santos
27/07/2012
sábado, 16 de maio de 2020
Presença
Para esquecer
Nem sempre
É preciso ausência
Esquece-se
Mesmo
Na presença
Pois lembrar
É mais do que ver
É enxergar
No coração
A quem
Não se quer
Esquecer
Maria Helena Mota Santos
30 03 2014
quinta-feira, 14 de maio de 2020
Voando feliz
Se minha lágrima cai respinga no mundo
Se um sorriso se abre enxuga o respingo
Se eu sou tão pequena em relação ao Universo
Com o fermento do amor cresço até o infinito
Se eu ando calada ouço as vozes de dentro
Se eu ando falando o silêncio se instala
Se eu sou obra inédita e de mim não há réplica
Eu preciso ter fé pra vencer a batalha
Se uma estrela cadente se muda do céu
Se eu faço um pedido pra chuva passar
Se a estrela descer enxugando as gotas
Eu já tenho certeza que o sol vai raiar
Se eu estou num cantinho bem particular
Se vislumbro um mundo que vou conquistar
Se na selva não há animais predadores
Vou mudando de pele e me deixo guiar
Se uma luz me aponta um caminho no mundo
Se uma voz de comando me manda partir
Se eu sou ser alado sem pressa e sem medo
Vou voando feliz num mundo sem fim
Maria Helena Mota Santos
21/05/2010
sábado, 9 de maio de 2020
O voo da poesia
De repente
Tudo ficou tão desigual
Que ao olhar para a vida
Nada parecia real
De repente
As certezas eram incertas
E o que era privado
Ficou de portas abertas
De repente
As asas caíram no chão
E o pássaro ferido
Conheceu a solidão
De repente
O mundo entorpeceu e girou
E mostrou o outro lado
Das peripécias do amor
De repente
Era tão natural
Se encharcar de tempestades
E nadar contra o mal
De repente
Aconteceu uma magia
O pássaro pegou as asas
E voou com a poesia
Maria Helena Mota Santos
02 07 2013
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Pausa
A vida me chama para viver em atos
As letras me faltam
As emoções têm sede de lágrimas
O tambor rufa novo momento
Momento de partir
De ficar de longe
De ficar em perspectiva
De não dizer nada por dizer
Momento de despertar
A menina que abraça flores
E se fere com espinhos
E novamente abraça
E novamente se fere
E vem nova dor
E ainda assim, abraça...
O sino interior anuncia
É hora de olhar para si
De cuidar das suas flores
Plantar um livro
Sem letras
Sem versos
Sem pretensões
Sem divagações
Momento de ser
Apenas uma poesia
Maria Helena Mota Santos
13 04 2013
segunda-feira, 4 de maio de 2020
Encontro marcado
O mundo desaparece
As vozes silenciam
E tudo se resume
A uma só companhia
Os sentidos se entrelaçam
Em clima de comunhão
Os olhos tocam a alma
E invadem o coração
O encontro está marcado
Numa estrada sem fronteira
A história de um instante
Vale por uma vida inteira
Não há nada que atrapalhe
Ou que cause sofrimento
Tudo é da cor do amor
No recorte do momento
Maria Helena Mota Santos
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