sábado, 31 de agosto de 2019
O reverso do caminho
Só enxergou o verso
Quando ficou em reverso
Só enxergou a flor
Quando sentiu o espinho
Só quando enfrentou o escuro
Que enxergou as estrelas
Só quando soltou o seu grito
Que escutou os seus ecos
Só quando seguiu adiante
Que olhou para trás
Só entendeu o oásis
Quando conheceu o deserto
Só quando engravidou de si mesmo
Que renasceu para a vida
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Medos
Meus medos
já não são medos
São coragens
disfarçadas
São sinais
de uma mudança
No percurso
da estrada
Meus medos
já não são medos
São disfarces
de um novo tempo
São desafios
na vida impostos
Pra pintar
novos momentos
Meus medos
já não são medos
São asas
de proteção
São versos
do meu reverso
Que faz pulsar
o coração
Maria Helena Mota Santos
11/12/2011
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Delicadeza
Prefiro ser a delicadeza
que vê em cada ser um cristal divino
mesmo que esteja em forma de pedra bruta
Prefiro ser a delicadeza
de um coração sensível e afável
que vê no outro um companheiro na vida
Prefiro ser a delicadeza
que não julga só pelas aparências
e que procura a pedra preciosa de cada ser
Prefiro ser a delicadeza
do perdão que enxerga na luz e na sombra
oportunidades de sabedoria e redenção
Prefiro ser a delicadeza
de uma amizade sincera e incondicional
nessa íngreme estrada de flores que é a vida
Maria Helena Mota Santos
29/09/2010
sábado, 17 de agosto de 2019
Antagonismos
Foi quando percebi o todo que descobri a minha exclusividade.
Foi quando estava no meio da multidão que percebi a minha solidão.
Foi quando pensei que estava em terra firme que o chão tremeu.
Foi quando acreditei que estava no fim que tudo começou.
Foi quando me abri em sorrisos que as lágrimas jorraram.
Foi quando mais confiei que conheci a decepção.
Foi quando só tinha amor no peito que a dor apareceu.
Foi quando abri os braços para o mundo que precisei ser acolhida.
Foi quando estava no deserto que apareceram os amigos.
Foi quando estava em pedaços que começou a construção.
Foi quando quase morri que olhei de frente pra vida.
Foi quando tinha motivos para odiar que encontrei razões para amar.
Maria Helena Mota Santos
março/2010
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Silêncio inacabado
É um silêncio inacabado
daquele de ato falho
Silêncio que ecoa barulho
tal qual a queda de um raio
É um silêncio da cor bege
que com melodia se une
Silêncio que cheira a jasmim
e deixa rastro de perfume
É um silêncio lá de longe
que captura imagens mil
Silêncio que borbulha a mente
e dá a cor de tom febril
É um silêncio que para as horas
e mergulha no túnel do tempo
É um silêncio acompanhado
que atrai mais sentimento
É um silêncio do universo
que se alimenta de energia
É um silêncio que pausa o mundo
sem tirar a sinergia
É um silêncio sem fronteiras
que viaja sem permissão
É um silêncio que invade as áreas
onde pulsa um coração
Maria Helena Mota Santos
08 04 2013
domingo, 11 de agosto de 2019
A queda do dia
Sonhei que o dia estava caindo numa velocidade inalcançável.
Tentei convencê-lo do quanto ele poderia ser encantado pelo sol.
Orientei-o a tomar banho de mar para lavar os resquícios da noite escura.
Mostrei a beleza dos campos e dos pássaros que voavam com direção.
Dei-lhe a mão para que ele pudesse aterrissar e ofereci uma bebida quente.
O dia sentou ao meu lado,cabisbaixo, e reclamou da escuridão da noite passada.
Disse-me que a lua adoeceu,acometida por um eclipse, e tirou folga, impedindo-o de armazenar luz.
Então emprestei os meus olhos para que ele pudesse enxergar a luz própria.
Falei da beleza da sua companhia e que já não me sentia só.
O dia me olhou cheio de promessa e resolveu cumprir sua missão.
Ergueu-se! Buscou o sol armazenado dentro de si e abriu um belo sorriso.
E soltou da minha mão para entrar no seu turno até ser rendido pela noite.
E foi sorrindo numa claridade impressionante e inimaginável.
E depois virou noite para no outro dia amanhecer.
Maria Helena Mota Santos
24 03 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Cotidiano
Passa um ônibus, passa um caminhão tocando alto uma canção.
Passa um ambulante numa bicicleta e ao seu lado passa um atleta.
Passa uma mulher, passa um cidadão e uma menina com pé no chão.
Passa um garoto levando uma bola e vai seguindo para a escola.
Passa um segundo, passa um minuto e eu daqui olhando o mundo.
Passa a lembrança, passa a saudade e a dor que dói em qualquer idade.
Passa um casal e passa um só e um pobrezinho que me dá dó.
Passa um bêbado soltando gritos e deixa um homem um pouco aflito.
Passa um louco com seu delírio prometendo Deus e o paraíso.
Passa o relâmpago, passa o trovão e o vento deixa flores no chão.
Passa o destino , passa voando, e meu poema eu vou compondo.
Passa você e tudo passa. Não espere não! Senão se atrasa!
Passa o mundo pra quem se foi ou pra quem deixa pra depois.
Maria Helena Mota Santos
domingo, 4 de agosto de 2019
Solitude
Existe um lugarzinho
Bem lá dentro do meu peito
Que é preenchido de solidão
Alimenta-se com o olhar opaco
E com o sorriso lânguido
É o lugar da nostalgia
De uma saudade
Do que não aconteceu
Nele
a solidão é vitalícia
e nem o infinito preenche
É um cantinho solitário
Que mesmo que venha amor
Ou mesmo que o amor se vá
Ele continua intacto
Não se abala
É linear
Só eu
tenho a senha da sua passagem
Só eu
posso me perder nos seus labirintos
É o lugarzinho de onde partem as buscas
É o lugarzinho da incompletude
É o melhor deserto que há em mim
Maria Helena Mota Santos
01 11 2012
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