Vi um passarinho morto no chão e fiquei comovida.
Hoje passei pelo mesmo lugar e ele continuava ali: inerte, repisado e solitário.
Trouxe-o no coração e o transformei em poesia!
Ontem
Enquanto andava
Vi um passarinho no chão
Morto para a esperança
Inerte para a ilusão
Hoje
Enquanto andava
Vi o passarinho no chão
Ninguém reclamou sua ausência
Sua parceira é a solidão
Um dia teve asas
E viu o céu de pertinho
Hoje conheceu o chão
E a dor de ser sozinho
Voa meu passarinho
Com as asas do pensamento
Encontre seu paraíso
Muito além do firmamento
E se força não tiver
Para além do chão voar
Na minha casa tem um jardim
Onde você pode descansar
Maria Helena Mota Santos
16/01/2012
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Malabarismo
Olha a moça! Com malabarismo, levando seu cesto, entoa uma canção.
Olha a moça! Morrendo de frio no meio da chuva do seu coração.
Olha a moça! Com seu cobertor, cobrindo seu mundo, não perde o gingado.
Olha a moça! Cabelo molhado e os pés bem cansados do sapateado.
Olha a moça! Olhar no presente, o futuro distante, mas tem fantasia.
Olha a moça! Visitar a cidade, conhecer as paisagens, é o que mais queria.
Olha a moça! Com grande equilíbrio desfila na vida carregando seu pote.
Olha a moça! Que mata a sede, ajuda o vizinho e faz o que pode.
Olha a moça! Vestido pintado, do dia suado , de tanta labuta.
Olha a moça! Ficar sem comida, sem água da chuva é o que lhe assusta.
Olha a moça! Que quando nasceu já foi escolhida a sua profissão.
Olha a moça! Não tem depressão porque no sertão não tem disso não.
Olha a moça! Que olha pro céu e fica perplexa ao ver um avião.
Olha a moça! Que brota bonita e é a paisagem mais linda que há no sertão.
Maria Helena Mota Santos
11/03/2010
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Estações
Que o sol nunca se deite
Sem provocar o meu sorriso
Que a chuva por mim não passe
Sem roubar as minhas lágrimas
Que a primavera deixe em mim
O rastro de muitas flores
Que o outono me dê a chance
De renovar a minha vida
Quero ser cada momento
De atitude ou de silêncio
Quero viver as estações
Sem perder a intensidade
Quero marcar o meu caminho
Com sementes bem cuidadas
Para florir no tempo certo
E enfeitar toda estrada
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
Espetáculo
Às vezes penso
que viver
é sonho
e se eu acordar
perderei o espetáculo
dos enredos
que escrevi
Às vezes penso
que moro
num palco
e se não atuar
perderei meu papel
e serei
só plateia do que fui
Maria Helena Mota Santos
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