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terça-feira, 27 de novembro de 2018

Vestida de poesia


Fecho os olhos
Há outros sonhos pra sonhar
Se alguns deles se foram
Coloco outros no lugar

A vida é realidade
Vestida de fantasia
É uma linha tênue
Que segura cada dia

Se acordo e me sinto
Tenho vida ao meu dispor
Só preciso decidir
Qual será a minha cor

Pinto-me de aurora
Ou apenas anoiteço
Mostro a minha cara
Ou me coloco pelo avesso

Se acordo e sinto o pulso
Das sensações que arrebatam
O que antes era amargo
São sabores que me salvam

Se chegar o amanhã
E minha vida me acordar
Vou me vestir de poesia
E sair pra levitar

Maria Helena Mota Santos

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Linha do tempo


Não teço
cada dia
com linhas quebradas
pelo tempo
Em cada amanhecer
pego outra linha
e bordo
novo momento

Às vezes
de cores pálidas
Às vezes
de cores firmes
Eu valorizo
cada cor
A cor alegre
e a cor triste

Às vezes
teço pelo avesso
com as mãos trêmulas
de frio
Às vezes
tenho pouca linha
mas encaro
o desafio

Às vezes
penso que teço
um caminho
que escolhi
Mas percebo
que havia esboço
do bordado
que teci

Às vezes
fico perplexa
meus bordados
não reconheço
Mas não deixo
um só dia
Sem tentar
um recomeço

Teço
desde que acordo
e só paro
quando adormeço
Mas em sonho
sou intuída
e para o novo dia
eu amanheço

Maria Helena Mota Santos

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Retrato pintado


Talvez eu não seja
este retrato
que você pintou
carregado de tintas
das cores
da perfeição

Não sou isso tudo
não
Sou tinta suave
que às vezes
desbota
e precisa do retoque
do tempo

Sou tinta de brisa
que às vezes
passa
como um tufão
derrubando polimentos

Sou um retrato
sem moldura
livre
para os traços
e detalhes
dos momentos

Pinto-me de verde
de lilás
de cinza
de amarelo
e do que é
sincero

Talvez eu seja parte
de tudo
que penso
que sou

Talvez eu seja
uma parte
de tudo
que você pensou

Talvez seja um pássaro
ou quem sabe
uma flor

Não sou isso tudo
não
Mas tenho a essência
do amor

Maria Helena Mota Santos

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Até que a morte nos separe


Ele a levava com um carinho imenso
Quase todos os dias
Seus passos lentos e trôpegos
Faziam com que ela marcasse passo
Tinha sido acometida por um AVC
Um dos braços estava paralisado
O seu rosto não tinha mais simetria
Sua fala já não tinha mais sons audíveis
Mas ele a levava todos os dias para ver o sol
Levava consigo uma cadeira de praia
E fazia da praça, em frente ao seu prédio, o seu mar
Ajudava-a a se sentar na cadeira
E ficava ali por um bom tempo
Para que ela pudesse se banhar de sol
Um dia fizera um pacto com ela
“Na alegria, na tristeza
Na saúde, na doença”
E hoje cumpria de uma forma
Que enternecia meu olhar
Observava-os nessas passagens
E esse carinho me inspirava
A acreditar no amor incondicional
No verdadeiro amor
Aquele amor que não se alimenta
Apenas de novos momentos
Mas da renovação
Diante das fases da vida
Diante dos obstáculos
Diante do imprevisível
Aquele amor verdadeiro
Que é companhia
Mesmo quando o outro
Só tem o silêncio
Para dizer suas palavras
Aquele amor infinito
Que pode acontecer
Em qualquer momento
Em qualquer lugar
No coração dos amantes
No coração dos pais
No coração dos amigos
No coração da humanidade
Aquele amor que transcende
E toca no coração de Deus

Maria Helena Mota Santos

17/11/2011

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Intangível


Não sei
Pensava saber
Nada sei

Minhas certezas
São incertas
De portas abertas

Minhas verdades
São vulneráveis
Insaciáveis
Mutáveis

Olho para o alto
Do lado de baixo

Vejo estrelas
Inatingíveis
Majestosas
Soberanas

Olho para o lado
Do lado inverso

Vejo gente
Formando versos
Tragando a vida
Nos seus reversos

Olho para dentro
Do lado externo

Vejo a mim
Com a alma alada
Vestida de sonho
Num caminho
Intangível
Sem fim

Maria Helena Mota Santos

20/03/2011