quarta-feira, 29 de julho de 2020
Menina
Ainda sou aquela menina
que encontrou a sua imagem
num grande baile de máscaras
Ainda sou a saudade
que se despediu da infância
sem se desfazer dos brinquedos
Ainda sou a liberdade
de pés descalços na vida
em busca de terra desconhecida
Ainda sou aquela menina
vestida da cor do sonho
acordada na realidade
Ainda sou menina peralta
que desfaz caminhos prontos
pra não perder a cor dos dias
Ainda sou menina sorriso
que acha sempre uma graça
Nas teias tecidas na vida
Maria Helena Mota Santos
sábado, 25 de julho de 2020
Entrelinhas
Quem poderá me dizer
o que há nas entrelinhas
de cada dia que se faz noite
e de cada noite que se faz dia?
O que será que acontece
na fronteira do encontro
onde a noite apaga a luz
e o dia acende a noite?
Quem poderá me dizer
o que há nas entrelinhas
de cada estrela cadente
que se cansa do lugar?
O que será que acontece
na fronteira do encontro
onde o lugar que era ausente
ganha um brilho reluzente?
Quem poderá me dizer
o que há nas entrelinhas
do instante que é passado
quando há pouco era presente?
O que será que acontece
na fronteira do encontro
onde o futuro se faz presente
pra ser arquivo no passado?
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 20 de julho de 2020
A dor que salva
Gosto da dor que dói
mas é livre
A pior dor é
a que fica em coma
porque rouba a alegria
e a vontade de viver
Gosto da dor que dói
mas transmuta
A pior dor é
a que paralisa
e deixa impotente
para a travessia
Gosto da dor que dói
mas é digna
A pior dor é
a que se arrasta
por não se saber asa
pronta para voar
Gosto da dor que dói
mas é semente
A pior dor é
a que não se abre em flor
e jaz no canteiro inerte
do desamor
Maria Helena Mota Santos
domingo, 12 de julho de 2020
Naquele dia
Olhando para o céu naquele dia
Eu tive a plena certeza
De que a certeza não existe
Na neblina que embaçava o sol
Percebi uma cortina improvável
Embaçando o meu olhar
E ofuscando a minha luz
Olhando para o céu naquele dia
Eu tirei a conclusão
De que é melhor ter saudade
Do que conviver com a ausência
Pois sentir saudade aproxima
Mas a presença da ausência
Faz distante quem está perto
Olhando para o céu naquele dia
Eu percebi claramente
Que em alguns momentos da vida
O silêncio é cheio de palavras
E as palavras são cheias de silêncio
E cada ação implica uma reação
Que cala fundo no coração
Olhando para o céu naquele dia
Eu desenhei o meu destino
Entre as nuvens que passavam
Planejei minhas viagens
Pra esperança dei passagem
Embarquei num pé de vento
E fui conhecer outra paisagem
Maria Helena Mota Santos
20/10/2010
sábado, 4 de julho de 2020
Banho de chuva
O céu se derrama
em lágrimas
chorando o sol
que se escondeu
Meu sentimento
contrasta
com a terra seca
que se inunda
Eu sou criança
só com vontade
de tomar banho
de chuva
Maria Helena Mota Santos
03 04 2014
Assinar:
Postagens (Atom)