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segunda-feira, 31 de maio de 2021

Incógnita


Era pra ser apenas uma pausa
Na eternidade do sentimento

Era pra ser apenas um flash
No raio infinito que circunda a luz

Era pra ser apenas um momento
Na longa estrada do horizonte

Era pra ser o que se foi sem ser
E se dissipou sem acontecer

Era pra ser o retorno do caminho
E o início de um caminho novo

Era pra ser a incógnita na equação da vida
E a exatidão na indecisão da estrada

Era pra ser a força da fragilidade do instante
E a sensatez na efemeridade da euforia

Era pra ser uma demão nas tintas do amor
Numa obra de arte que o tempo desbotou

Maria Helena Mota Santos


2013

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Paradoxo


Tão frágil
Que se vestiu
De fortaleza
Congelou
Suas lágrimas
E engessou
Sua tristeza

Maria Helena Mota Santos

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Pássaro ferido

Vi um passarinho morto no chão e fiquei comovida.
Hoje passei pelo mesmo lugar e ele continuava ali: inerte, repisado e solitário.
Trouxe-o no coração e o transformei em poesia!


Ontem
Enquanto andava
Vi um passarinho no chão
Morto para a esperança
Inerte para a ilusão

Hoje
Enquanto andava
Vi o passarinho no chão
Ninguém reclamou sua ausência
Sua parceira é a solidão

Um dia teve asas
E viu o céu de pertinho
Hoje conheceu o chão
E a dor de ser sozinho

Voa meu passarinho
Com as asas do pensamento
Encontre seu paraíso
Muito além do firmamento

E se força não tiver
Para além do chão voar
Na minha casa tem um jardim
Onde você pode descansar

Maria Helena Mota Santos

16/01/2012

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Raios de sol


Acredito que ao nascer comprei um estoque de raios de sol para gastar nos dias nublados da vida.
Abrindo-me em sorrisos fui caminhando pelas estradas e bifurcações da vida.
Encontrei pelo caminho situações e pessoas que me acrescentaram pelo amor ou pela dor.
Hoje num dia pálido e chuvoso, em pleno verão, não consigo encontrar o meu estoque de raios de sol.
Olho pra dentro, mexo e remexo, contorço-me, vou para lá e para cá ,no canto da alma, e meu estoque parece que acabou, sem aviso prévio.
Concentro-me, mentalizo luz, aciono palavras iluminadas, e as nuvens continuam insistindo em ficar.
Nada se traduz como prenúncio de claridade.
Coloco lentes coloridas, sorrio e abro os braços, num ângulo de cento e oitenta graus, para abraçar a vida.
Olho para o céu na esperança de novas cores e ele permanece da cor da tristeza.
Contorço-me! Não caibo em mim.
Não é da minha natureza essa tristeza intensa que queima no meu peito como fogo ardente em estado de combustão.
Espero! As horas não passam! O telefone não toca! A vida está em coma!
O tempo parece infinito diante do meu desejo de que ele passe rápido.
Vislumbro um novo ano em pleno janeiro da vida.
Saio correndo de mim e vou buscar raios de sol nas calçadas da vida, nas amizades, no amanhecer de cada dia.
Encontro a luz em lugares inesperados.
Nos passantes solitários, nos olhares tristes, na dor da despedida, num olhar pueril, no sorriso inocente de uma criança, num gesto amigo e delicado, na vida....
Resolvi sair do meu caos e passear no caos do mundo e, certamente, renovarei meu estoque de raios de sol.

Maria Helena Mota Santos

04/02/2010

segunda-feira, 3 de maio de 2021

A rosa e o botão


Meu jardim era um dos mais lindos
Várias flores cresciam formosas
Veio um vento inesperado e veloz
E feriu a mais linda das rosas

O vento forte levou-a consigo
Perplexa olhei as pétalas no chão
Agachei-me e apanhei uma a uma
Transformei-as em um lindo botão

Para livrá-lo da força do vento
Coloquei um selo de proteção
Guardei-o com cuidado e carinho
Num cantinho do meu coração

Mesmo o botão não sendo a rosa
Contento-me em ter dela a lembrança
O botão que a partir dela surgiu
É o que me faz ter na vida esperança

O meu jardim continua bonito
Mas há silêncio ao entardecer
As outras flores têm saudade da rosa
E não conseguem dela se esquecer

Maria Helena Mota Santos

29 06 2013