Era uma vez um ano desvendado que se preparava para partir....O seu ciclo estava chegando ao fim.Era a hora da travessia!
Ele estava pleno e seguro de que precisaria ceder o espaço para o novo. Já não fazia sentido repetir os papeis no palco da vida!
Percebeu que o novo protagonista estava tão perto que já podia ser visto quase na linha de chegada. Sobravam-lhe poucas horas...
Um foi em direção ao outro! Precisariam cumprir o ENCONTRO MARCADO!
No último segundo, os dois se abraçaram e houve uma explosão de euforia que representava não só alegria mas, sobretudo, a esperança de novos momentos, de novos desafios, de novas possibilidades de escrever uma nova história!
E o ano novo ficou perplexo com tanta comemoração na sua chegada!
Era tudo novo...Ele estava sozinho... O ano velho tinha soltado a sua mão...
Olhava, embevecido, as pessoas acenando, brindando, cantando, sorrindo, chorando, saudosas, amando... pulando sete ondinhas... colocando flores no mar...
Quanta emoção! Era tudo tão intenso!
E foi naquele momento que se deu conta da sua grande responsabilidade ao entrar na vida daquelas pessoas.
Percebeu que precisaria superar seu antecessor porque a multidão tinha grandes expectativas.
Mas ele já sabia que a felicidade é um exercício diário e não necessariamente uma mudança de calendário...
Como faria para ser intitulado de um ANO BOM, na sua hora de partir, se algumas pessoas não atingissem suas expectativas?
Entendeu que precisaria, suavemente, colocar o pé no chão e fazer de cada dia, da sua passagem, uma nova oportunidade de cada ser escrever uma página da sua história valorizando cada sentimento que entrasse em pauta!
E no primeiro dia, pós-euforia, pós- planejamento, pós- promessa... ele estava letárgico, sonolento... “de ressaca”! Foram muitas emoções!
Sabia que precisaria de delicadeza... Era recém-nascido!
Percebeu as cortinas de um novo tempo que se abria e ele podia ler:
Bem-vindo 2020
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
sábado, 28 de dezembro de 2019
Novo tempo
O novo tempo
cansou de esperar
e envelheceu
Enquanto esperava
colheu sabedoria
e renasceu
O sábio tempo
não mais esperava
o tempo mudar
Não tinha mais tempo
para esperar
a vida passar
Apenas andava
Apenas sabia
plantar todo dia
Plantava esperança
Plantava amor
Plantava alegria
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Natal
A cada estrela
uma lembrança
deste tempo
e do tempo da infância
A cada luz
uma fantasia
que anestesia a tristeza
e aciona a alegria
A cada melodia
um acesso à nostalgia
dos tempos de outrora
e cheios de magia
A cada dezembro
explodem emoções
umas trazem euforia
outras trazem solidão
Maria Helena Mota Santos
domingo, 22 de dezembro de 2019
Meu sonho
O meu sonho
é seguir sonhando
e pintando cores
no meu dia a dia
Tenho o sonho
de sonhar
com a realidade
vestida de fantasia
O meu sonho
é flutuar
nas asas leves
da poesia
Tenho sonho
de escrever
versos de amor
todos os dias
O meu sonho
é não me opor
ao sonho
que se insinua
Tenho sonho
de plantar
e regar a flor
de cada rua
O meu sonho
é levitar
e conhecer
o infinito
Tenho sonho
de deixar o mundo
bem mais pertinho
do paraíso
Maria Helena Mota Santos
sábado, 14 de dezembro de 2019
Pequenina flor
Seria uma parte ingênua e romântica
Se não tivesse caído nas mãos do tempo
E não se fizesse dor e sofrimento
E renascesse para outro portal da vida
Seria apenas uma flor de asa pequenina
Que nem tomaria consciência que voa
E se prenderia ao chão por muito tempo
E não conseguiria ultrapassar fronteiras
Foi quando caiu nas mãos do tempo
Das dores e das tempestades
Que conheceu o sol mesclado com chuva
E a brisa misturada com ventania
Conheceu terras áridas e jardins
E espinhos morando em flores
Em busca da paz encontrou guerra
E conheceu as noites sombrias
Nas voltas que o mundo dá
Conheceu a luz e a sombra
Conheceu a imensidão e o vazio
E o rio que virou mar
Nas mãos sábias do tempo
Conheceu lugares imperdíveis
Fez-se canção todo tempo
Com as notas de cada momento
E a parte ingênua abriu asas
E agora voa pelos cantos do mundo
Com a leveza de uma águia
Em busca do eu mais profundo
Maria Helena Mota Santos
16/10/2010
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
A rotina da liberdade
Não há liberdade que não vire rotina
Pois estamos limitados pela linha do tempo
E qualquer lugar que se trilhe aqui na terra
Tem um limite imposto pelo diâmetro do céu
Se não seguir
Há a rotina da parada
Se seguir
Há a rotina da caminhada
Se existe busca
Há o limite do encontro
Se não busca
Há o limite do desencontro
E a rotina se estabelece nas linhas do corpo
Que colocam o andar do ser preso ao chão
Então só tem liberdade ilimitada
Aquele que viaja sobre as asas
De uma terra chamada imaginação
Maria Helena Mota Santos
18 09 2010
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
Transparência
Quero olhar dentro de mim
Sem máscara
Sem caleidoscópio
Sem subterfúgio
Sem brincar de esconder
Quero encarar o que dói
O que cicatrizou
A ferida que apenas fechou
Mas desperta a cada pesadelo
Quero dançar comigo mesma
Na sinfonia do momento
Sem valsa encobrindo samba
Sem samba encobrindo valsa
Quero bailar no salão da vida
Vida Real sem fronteiras
Vida sem grilhões
Quero dar o grito certo
No lugar certo
Quero sonhar
Sem me esconder de mim
Quero ir
Quero vir
Quero falar palavras presas
Quero falar de pensamentos
De sofrimento
De alegria
Quero escutar o companheiro
Sem misturá-lo comigo mesma
Quero passear com o amigo
Sem interferir no seu mundo
Quero ser eu
Sem pedir desculpas
Quero ser autêntica
Quero partir do mundo um dia
Sem a sensação de agonia
Ao descobrir que vivia
Uma utopia
Maria Helena Mota Santos
08/05/2010
domingo, 1 de dezembro de 2019
Dezembro chegou!!!!
A cada estrela
uma lembrança
deste tempo
e do tempo da infância
A cada luz
uma fantasia
que anestesia a tristeza
e aciona a alegria
A cada melodia
um acesso à nostalgia
dos tempos de outrora
e cheios de magia
A cada dezembro
explodem emoções
umas trazem euforia
outras trazem solidão
Maria Helena Mota Santos
sábado, 30 de novembro de 2019
Quantas vezes
Quantas vezes fico entre o sonho e a realidade buscando vislumbrar uma outra dimensão!
Quantas vezes me pergunto se a realidade é o que está diante dos meus olhos ou se é o que eu não consigo enxergar!
Quantas vezes fico agarrando sonhos e vou voando com eles para não colocar os pés descalços no chão gelado!
Quantas vezes olho para o céu e vejo as estrelas invisíveis através das nuvens carregadas de escuridão!
Quantas vezes olho sem ver e ouço sem escutar porque fui raptada para um lugar ali adiante que me puxa para o que era antes!
Quantas vezes sou como uma adolescente irreverente mudando o que está pronto para ter o prazer de descobrir o caminho das possibilidades!
Quantas vezes pego borboleta pelo prazer de soltá-la para contemplar o seu voo!
Quantas vezes choro sorrindo e sorrio chorando!
Quantas vezes me pego cantando uma canção que traduz meu pranto!
Quantas vezes acordo a alegria e adormeço a tristeza para aproveitar a chance da vida!
Quantas vezes sou coadjuvante no meu palco!
Quantas vezes sou tantas outras que não cabem em mim!
Quantas vezes sou inverno no verão e primavera no outono !
Quantas vezes me olho e me espanto com o tamanho da emoção que me faz pulsar amor...amor...amor...
Maria Helena Mota Santos
05/01/2011
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
Proeza
Não sou tudo que pareço
Nem para o bem
Nem para o mal
Sou apenas uma alma leve
Que na brisa se aquece
E na tempestade emudece
Não sou o tudo
Nem sou o nada
Não sou o acaso
Nem o previsível
Sou apenas uma proeza
Que na vida se instalou
Sem ser dona das certezas
Não sou o erro
Nem o acerto
Não sou a lágrima
Nem o sorriso
Sou apenas uma emoção
Que dá asas à canção
Que pulsa no coração
Não sou perfeita
Nem sou um anjo
Não sou infalível
Nem sou incrível
Sou apenas a esperança
Que com os dias faz sua dança
Na leveza de uma criança
Maria Helena Mota Santos
05/12/2011
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
Animal de estimação: uma esperança!
Num domingo à noite, dia 14 de agosto de 2010, estava no meu quarto assistindo ao programa Fantástico e percebi entrando pela porta, que dá acesso à varanda, um inseto.
Após o susto, percebi que era uma esperança! Acionei logo o meu lado supersticioso, quase inexistente, e repeti o que todo mundo diz: bom presságio!
O inusitado é que ela adotou o meu quarto como o seu lugar preferido. Vive comigo até hoje me levando a desenvolver um afeto por ela.
Quase chorei, quando percebi que ela perdeu uma patinha! Mas a lição maravilhosa que ela me deu é inesquecível: ela continuou realizando todos os seus movimentos e buscando seus objetivos.
Por vezes, acompanha-me até à sala de televisão e, às vezes, faz com que eu grite quando pula em mim! Meu filho vem correndo ver o que aconteceu! Pareço uma criança!
Uma das minhas maiores aflições foi como alimentá-la. Ficava discutindo com meu filho sobre o que esperança comia. Ele olhou na internet e disse: folha verde.
Então, tiramos umas folhinhas de uma planta e percebemos que ela nem deu atenção. Conversando com minha cabeleireira, ela disse: dê alface. Assim o fiz! Pelo menos ela ficou em cima da folha de alface por um longo tempo. Não sei se ela se alimentou ou a fez de cama. Mas está sobrevivendo!
A partir da esperança, comecei a refletir sobre os episódios fortuitos que fazem diferença no cotidiano. Hoje, eu e meu filho, andamos em casa " pisando em ovos" com receio de machucá-la! Ele me diz: mãe, você se apegou a ela! Mas, aqui pra nós e a torcida do Flamengo, ele também!
A lição mais importante : para nos sentirmos acompanhados não se faz necessária apenas a presença de pessoas, mas de qualquer ser vivo que nos escolha e que seja aceito por nós.
Mais uma vez a grande conclusão: NUNCA ESTAMOS SOZINHOS!
Maria Helena Mota Santos
21 08 2010
domingo, 24 de novembro de 2019
Voando feliz
Se minha lágrima cai respinga no mundo
Se um sorriso se abre enxuga o respingo
Se eu sou tão pequena em relação ao Universo
Com o fermento do amor cresço até o infinito
Se eu ando calada ouço as vozes de dentro
Se eu ando falando o silêncio se instala
Se eu sou obra inédita e de mim não há réplica
Eu preciso ter fé pra vencer a batalha
Se uma estrela cadente se muda do céu
Se eu faço um pedido pra chuva passar
Se a estrela descer enxugando as gotas
Eu já tenho certeza que o sol vai raiar
Se eu estou num cantinho bem particular
Se vislumbro um mundo que vou conquistar
Se na selva não há animais predadores
Vou mudando de pele e me deixo guiar
Se uma luz me aponta um caminho no mundo
Se uma voz de comando me manda partir
Se eu sou ser alado sem pressa e sem medo
Vou voando feliz num mundo sem fim
Maria Helena Mota Santos
21/05/2010
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Eu sou
Eu sou
Uma brisa suave
Que pousou no acaso
E se fez gente
Eu sou
Um tom solitário
Que pousou num acorde
E se fez canção
Eu sou
Um sentimento profundo
Que pousou em um verso
E se fez poesia
Eu sou
Um barquinho de papel
Que remou pelo mar
E se fez infinito
Eu sou
Uma pétala ao vento
Que pousou num jardim
E se fez flor
Eu sou
Um pedacinho de saudade
Que pousou num coração
E se fez amor
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 19 de novembro de 2019
O novelo e a vida
Meu novelo caiu ladeira abaixo
Nas pedras do caminho se enroscou
Eu desci correndo ao seu encontro
Nem a dor da descida me parou
Sentei nas pedras do caminho
E peguei o novelo com cuidado
Peguei fio por fio com muita calma
Para consertar os fios embaraçados
Olhei minha vida ladeira acima
E o novelo era todo organizado
Mas foi a partir da sua queda
Que obtive um novo aprendizado
Não sabia desembaraçar esses nós
Que a descida da ladeira acrescentou
E nas tentativas de erro e acerto
Desfiz os nós que a dor em mim deixou
Das pedras eu fiz uma construção
Pra me abrigar das possíveis ventanias
Pois a vida não é só paz e bonança
É uma ciranda de tristeza e alegria
O pódio nem sempre está no alto
Há pódios que se instalam na descida
É subindo e descendo as ladeiras
Que se ganha resistência e sobrevida
Maria Helena Mota Santos
13/02/2010
segunda-feira, 18 de novembro de 2019
Um sopro de vida
Se no fio ainda pousa um pássaro
Se as pessoas ainda caminham na rua
Se as luzes ainda estão acesas
Se o céu ainda tem a cor azul
Se o sol ainda aquece com seus raios
Se a lua ainda mostra as suas fases
Se o dia ainda amanhece e anoitece
Se o coração ainda abriga sentimentos
Se as pessoas ainda se abraçam
Se os amigos sinceros ainda existem
Se a confiança ainda está em pauta
Se o amor ainda paira pelo ar
Se as árvores ainda crescem e frutificam
Se o pensamento ainda é livre pra sonhar
Se ainda há um sopro de vida
Ainda dá tempo
Da tristeza se revezar com a alegria
Do medo se revezar com a coragem
Da raiva se revezar com o perdão
Do conflito se revezar com a união
Da desilusão se revezar com a esperança
Da apatia se revezar com a ação
Do pessimismo se revezar com o otimismo
Do desencanto se revezar com o sonho
Da guerra se revezar com a paz
Porque a vida é a respiração que amanhece
É cada batida que no coração acontece
É cada sonho que no ser se estabelece
É cada desejo transformado em prece
Maria Helena Mota Santos
sábado, 16 de novembro de 2019
Sou assim
Eu não vejo a luz da vida
Pela lente da tristeza
Extraio de cada fato
A essência da beleza
E se as lágrimas transbordam
Faço o esboço de um sorriso
Acalento as minhas dores
E busco ajuda se preciso
Não desperdiço a luz do sol
Que a minha alma enxerga
Concentro-me no privilégio
De estar em paz na terra
Não coloco a tristeza
Num patamar superior
Decepções são enfrentadas
Com o antídoto do amor
Foi assim que aprendi
A viver a vida cada dia
Nas asas de uma criança
Encho meu mundo de magia
Maria Helena Mota Santos
14 01 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Gratidão
Tive tanto
Tenho tanto
Que a vida tira
E ainda sobra
Sobram essências
de jasmim
Sobram as rosas
no jardim
Sobram sorrisos
de mãos dadas com a alegria
Sobram imaginações
que acionam as fantasias
Sobram lágrimas
que hidratam as emoções
Sobram notas
que invadem as canções
Sobram dores
de metamorfoses salvadoras
Sobram versos
de poesias redentoras
Sobram réstias
pela luz que vem das frestas
Sobram coragens
precursoras das viagens
Sobram nostalgias
que acionam as saudades
Sobram amores
que eternizam as paisagens
Maria Helena Mota Santos
fev de 2013
domingo, 10 de novembro de 2019
Encontro marcado
O mundo desaparece
As vozes silenciam
E tudo se resume
A uma só companhia
Os sentidos se entrelaçam
Em clima de comunhão
Os olhos tocam a alma
E invadem o coração
O encontro está marcado
Numa estrada sem fronteira
A história de um instante
Vale por uma vida inteira
Não há nada que atrapalhe
Ou que cause sofrimento
Tudo é da cor do amor
No recorte do momento
Maria Helena Mota Santos
sábado, 9 de novembro de 2019
Retrato pintado
Talvez eu não seja
este retrato
que você pintou
carregado de tintas
das cores
da perfeição
Não sou isso tudo
não
Sou tinta suave
que às vezes
desbota
e precisa do retoque
do tempo
Sou tinta de brisa
que às vezes
passa
como um tufão
derrubando polimentos
Sou um retrato
sem moldura
livre
para os traços
e detalhes
dos momentos
Pinto-me de verde
de lilás
de cinza
de amarelo
e do que é
sincero
Talvez eu seja parte
de tudo
que penso
que sou
Talvez eu seja
uma parte
de tudo
que você pensou
Talvez seja um pássaro
ou quem sabe
uma flor
Não sou isso tudo
não
Mas tenho a essência
do amor
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
Não sei dizer
O que dizer
se não se tem palavras
se em cada brecha
entra uma sensação?
O que dizer
de sentimentos novos
que sem pedir licença
invadem o coração?
O que dizer
da insensatez
do momento novo
que invade o agora?
O que dizer
do olhar no espelho
que vê invertida
uma mesma história?
O que dizer do sim
com a máscara do não
e da atemporalidade
que invade o ser?
O que dizer
da linha da vida
que traz um passo a menos
a cada amanhecer?
O que dizer?...
Ah... Não sei dizer!
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
Sou eu!
Sou ingênua?
Sou menina?
Sou um acorde
com tom da cor da inocência?
Sou um verso
que atrai os reversos?
Sou alvo fácil
por ser um abraço infinito?
Sou uma criança
que na mulher fez morada?
Sou um cálice
de bebida doce ou amarga?
Quem sou eu?
Sou o que penso
ou sou um poema inexato?
Sou uma pessoa feliz
ou sou carente de um abraço?
Quem sou eu?
Sou uma pausa
ou sou um lugar infinito?
Quem sou eu?
Uma asa sem pássaro
ou um pássaro sem ninho?
Um mar bem revolto
ou um coração em desalinho?
Quem sou eu?
Um eu sem você
ou um você com ausência?
Quem sou eu?
Neste vale que se perde de mim
e me traz um sofrer sem fim?
Maria Helena Mota Santos
28/10/2011
domingo, 3 de novembro de 2019
Carência
Careço
do meu silêncio
Careço
da minha paz
Pra me mostrar
um espaço novo
Pra vida
que se refaz
Careço
do meu olhar
pra via
da solidão
Para entender
estas linhas
Da palma
da minha mão
Careço
de ter saudade
de tudo
que já se foi
Careço
de viver o agora
Sem deixar nada
pra depois
Maria Helena Mota Santos
30 12 2012
sábado, 2 de novembro de 2019
Amor infinito
O infinito
não é estanque
Por isso o amor
é infinito
E voa
pelos corações
em voo rasante
em voo alto
em voo sem direção
em voo sem razão
Aterrissa
no coração dos amantes
e faz a regra
virar exceção
Aterrissa no coração dos pais
e faz o incondicional
ser condição
Aterrissa na solidão
e faz ser só
não ter razão
Ah
O amor
que me deu vida
e me arrebatou
Ah
O amor
que dormiu semente
e amanheceu flor
Ah
O amor
Que dure
e perdure
no infinito
E que seja sempre
o eco
do meu grito
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
O voo da poesia
De repente
Tudo ficou tão desigual
Que ao olhar para a vida
Nada parecia real
De repente
As certezas eram incertas
E o que era privado
Ficou de portas abertas
De repente
As asas caíram no chão
E o pássaro ferido
Conheceu a solidão
De repente
O mundo entorpeceu e girou
E mostrou o outro lado
Das peripécias do amor
De repente
Era tão natural
Se encharcar de tempestades
E nadar contra o mal
De repente
Aconteceu uma magia
O pássaro pegou as asas
E voou com a poesia
Maria Helena Mota Santos
02 07 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
O voo do papel
No chão, em frente a um prédio, uma pichação: TE AMO.
Num salão de festa, no mesmo prédio, as cadeiras esperam, "pacientes", pelos convidados.
No céu nuvens bordadas insinuam esboços humanos se amando.
Dois pássaros passam brincando de esconde-esconde como meninos arteiros.
Um adolescente passa cabisbaixo, provavelmente, pensando o que fazer sábado à noite.
Uma jovem senhora passa puxando pelo braço seu filho “doentinho”.
Vários carros passam em fila, na avenida, como se tivessem marcado a hora do encontro.
Pessoas passam arrastando as sandálias com a falta de pressa do sábado.
A tarde fica sonolenta e o divagar ,do poeta, é inevitável e sem pressa.
O poeta fica na letargia do tempo, da rua, da avenida e da cidade.
Assume o embalo calmo das pessoas que passam na rua.
Assume o palpitar macio do pulso da rua que ecoa no coração da cidade.
O poeta quer olhar pra rua e não quer olhar na sua própria avenida.
Assume a dinâmica do movimento que não para, embora pareça lento.
Resolve emprestar o seu olhar pra vida cirandar como quiser e quando quiser.
Subitamente, um papel sai do chão e voa e volta e, depois, cai para voar de novo.
O papel desperta um fascínio no poeta que resolve acompanhar sua trajetória.
O papel traz de volta um brilho “travesso” no seu olhar e desperta a criança adormecida.
O poeta resolve sair de si e divagar nos braços da sua alma pueril.
Deixa-se guiar pelas asas do papel que sobe ou desce conforme a direção do vento.
Assume a condição de papel, que o vento leva, e põe sua alma nessa vida itinerante e imprevisível.
Não sabe quando vai parar e o quanto vai aprender, nessas passagens, nos braços do vento.
Vai se deixando levar , sem controle, esquecendo o que acontece na periferia.
Vai sentindo a leveza de ser papel e voar, cair, voar, cair...voar!
Maria Helena Mota Santos
14/03/2010
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
A rosa e o botão
Meu jardim era um dos mais lindos
Várias flores cresciam formosas
Veio um vento inesperado e veloz
E feriu a mais linda das rosas
O vento forte levou-a consigo
Perplexa olhei as pétalas no chão
Agachei-me e apanhei uma a uma
Transformei-as em um lindo botão
Para livrá-lo da força do vento
Coloquei um selo de proteção
Guardei-o com cuidado e carinho
Num cantinho do meu coração
Mesmo o botão não sendo a rosa
Contento-me em ter dela a lembrança
O botão que a partir dela surgiu
É o que me faz ter na vida esperança
O meu jardim continua bonito
Mas há silêncio ao entardecer
As outras flores têm saudade da rosa
E não conseguem dela se esquecer
Maria Helena Mota Santos
29 06 2013
domingo, 27 de outubro de 2019
A luz e a escuridão
Perdi o medo do escuro
Quando a escuridão chegou
Acostumei o olhar à luz
Que a escuridão mostrou
Os fantasmas se dissiparam
Pois a luz os ofuscou
Correram para outro palco
Onde alguém os abrigou
Andei em falsas linhas
Que eram curvas sinuosas
Aprendi a não confundir
Os espinhos com as rosas
No escuro pude ver
O que há no meu jardim
Liberei a borboleta
Que era casulo em mim
Maria Helena Mota Santos
22 03 2013
sábado, 26 de outubro de 2019
Vida
A vida é a fantasia
que se veste a cada dia
É o cenário que se enxerga
pelo ângulo da ilusão
É o enredo de uma novela
que põe em pauta o coração
É a verdade relativa
pelo foco de quem vê
É a estação de uma partida
que se tende a esquecer
A vida é o avesso
do lado oposto invisível
É saudade de um tempo
que talvez não se viveu
É a cadência e o descompasso
que sonorizam o tablado
É o rio que vira mar
com as chuvas de verão
É o sopro de um instrumento
que oxigena uma canção
Maria Helena Mota Santos
(2013)
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Verdades
Verdades sobre mim
são inverdades
que cabem no olhar
de quem me vê
nem sempre o sorriso
é alegria
e o silêncio muitas vezes
é prazer
Quando me vejo
sem a película da ilusão
e enfrento minha mutável
condição
Meus pontos cegos
roubam a cena e me ofuscam
Sempre me vejo
com alguma restrição
Mas se a verdade fosse
tão absoluta
e já nascesse conhecendo
o meu eu
Que graça tinha o viver
sem aprendizado
Se o bom da vida
é ser um eu inacabado!
Maria Helena Mota Santos
09/08/2011
terça-feira, 22 de outubro de 2019
Aprendi com a vida
Aprendi tanto
e
tão pouco
diante do que está disposto
nas infinitas possibilidades
dessa vida
Aprendi a olhar
e ver
nas entrelinhas do viver
e
que é no silêncio
que se constroem as armadilhas
Aprendi a sentir
sem falar
o que está a me espreitar
e
que no escuro
posso enxergar melhor a luz
Aprendi a andar
sem caminhar
só pelas vias do pensar
e
que as palavras
têm subterfúgios inimagináveis
Aprendi a amar
sem condição
sem obstruir o coração
e
que amores vêm
e amores vão
Aprendi a abrir as asas
sem direção
voando com o coração
e
que eu sou
um poema em construção
Maria Helena Mota Santos
14/11/2011
sábado, 19 de outubro de 2019
Cores derramadas
Pintei poesia
De tintas derramadas
Derramei o azul
Do estoque do meu céu
E fiz do verde
A cor da minha estrada
Derramei o vermelho
E fiz rosas no caminho
Com a cor bege
Pintei o aconchego
Do meu ninho
Com a tinta preta
Realcei o meu olhar
Que assim aprendeu
Todas as cores
Matizar
E não havia
Cores de solidão
Todas se abraçavam
Pra pintar uma emoção
Enfim vi uma tela
Sem contorno
E sem desfecho
Sempre era possível
Ter outras tintas
E o recomeço
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Incertezas
No terreno fértil
dos porquês
descobri a sabedoria
das perguntas
sem respostas
Em terreno íngreme
e nas pausas
para as esperas
encontrei
o silêncio salvador
Percebi
nas entrelinhas
que as respostas
desencantam o fascínio
do saber
As perguntas
abrem caminhos
e aguçam um tempo
aprendiz
de incertezas
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
Feliz dia das crianças
A criança saiu pela porteira
Fez travessuras na estrada
Fez da tristeza uma estátua
E saiu em grande disparada
Deu voz ao ser inanimado
E contracenou com a fantasia
Com uma varinha de condão
Transformou tudo em magia
Rodopiou leve e solta
Sorriu pra tudo que encontrou
Fez das árvores seu trapézio
E tudo em palco transformou
Cobriu a estrada de algodão doce
Em uma nuvem se sentou
Pintou o dia de arco-íris
Tudo em volta se alegrou
Estourou muitos balões
E a felicidade liberou
Ao encontrar com as pessoas
Cirandou, cirandou, cirandou
Maria Helena Mota Santos
12 10 2012
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Partes de mim
Partes de mim estão livres
E fazem redemoinho
No vento das emoções
Partes de mim são aladas
E se emparelham com o tempo
Nas asas da imaginação
Partes de mim são partidas
Que enfrentam tempestades
Em busca de um novo sol
Partes de mim são como águias
Que voam sempre mais alto
Em busca do infinito
Partes de mim são casulos
Que preparam o momento
De ser borboleta no mundo
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Incógnita
Era pra ser apenas uma pausa
Na eternidade do sentimento
Era pra ser apenas um flash
No raio infinito que circunda a luz
Era pra ser apenas um momento
Na longa estrada do horizonte
Era pra ser o que se foi sem ser
E se dissipou sem acontecer
Era pra ser o retorno do caminho
E o início de um caminho novo
Era pra ser a incógnita na equação da vida
E a exatidão na indecisão da estrada
Era pra ser a força da fragilidade do instante
E a sensatez na efemeridade da euforia
Era pra ser uma demão nas tintas do amor
Numa obra de arte que o tempo desbotou
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Presença
Para esquecer
Nem sempre
É preciso ausência
Esquece-se
Mesmo
Na presença
Pois lembrar
É mais do que ver
É enxergar
No coração
A quem
Não se quer
Esquecer
Maria Helena Mota Santos
30 03 2014
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Estações
Que o sol nunca se deite
Sem provocar o meu sorriso
Que a chuva por mim não passe
Sem roubar as minhas lágrimas
Que a primavera deixe em mim
O rastro de muitas flores
Que o outono me dê a chance
De renovar a minha vida
Quero ser cada momento
De atitude ou de silêncio
Quero viver as estações
Sem perder a intensidade
Quero marcar o meu caminho
Com sementes bem cuidadas
Para florir no tempo certo
E enfeitar toda estrada
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Perspectiva
Chegará o dia em que o raro se tornará comum
e que o comum parecerá raro.
Chegará o dia em que é preciso derrubar o muro
e experimentar o descampado.
Chegará o dia em que se estranhará a estranheza
diante de tudo que se desejou.
Chegará o dia em que se acordará atordoado
e pensará que a realidade é sonho.
Chegará o dia em que se buscará a parte perdida
do quebra-cabeça de si mesmo.
Chegará o dia em que se pensará ser outra pessoa
no reflexo do espelho da vida.
Maria Helena Mota Santos
sábado, 14 de setembro de 2019
Saudade
Ando de frente pra vida
Mudando minha roupagem
Pinto as tristezas de cores
Meu acessório é a saudade
Saudade é sempre a ausência
De uma presença querida
Só quem preencheu espaços
É que tem saudade na vida
Saudade de quem se foi
Saudade de quem não veio
Saudade da esperança
De ser feliz por inteiro
Saudade de abrir as asas
E voar sem direção
Saudade de ter saudade
Bem dentro do coração
Saudade de uma criança
Que no tempo se perdeu
Saudade de brincar de roda
E de achar quem se escondeu
Saudade da fantasia
Que alicerça a realidade
Saudade é dor de amor
Que chega em qualquer idade
Maria Helena Mota Santos
09/12/2010
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Em companhia da alegria
Capturei a alegria
Que passava sorrateira
Lá na terra da infância
E a fiz minha companheira
Desde então ela me segue
Ancorada num sorriso
Quando cai um temporal
Ela se torna meu abrigo
Às vezes fica implícita
Num momento de tristeza
Mas logo reaparece
Mostrando sua beleza
Ela espanta o pessimismo
E algema a solidão
Sempre tenho companhia
Num cantinho do coração
Às vezes cai numa lágrima
E se transforma em sorriso
Nessa ciranda perfeita
Faz da vida um paraíso
Eu a percebo em toda parte
No céu, na terra e no mar
Em cada momento vivido
E no meu coração a pulsar
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
A dor do mundo
Ainda sinto
O mundo doer
Em mim
E por sentir
A dor do mundo
Ainda vivo
Porque viver
É mais que anestesiar
Dores
E inventar amores
Viver é palpitar
Sorrisos
E lágrimas
É sobretudo
Não perder as asas
Maria Helena Mota Santos
domingo, 1 de setembro de 2019
Setembro chegou
Hoje acordei com gosto de setembro
Quero fazer primavera em mim
Vou cuidar do meu terreno
Para que as flores brotem
No meu jardim
Maria Helena Mota Santos
sábado, 31 de agosto de 2019
O reverso do caminho
Só enxergou o verso
Quando ficou em reverso
Só enxergou a flor
Quando sentiu o espinho
Só quando enfrentou o escuro
Que enxergou as estrelas
Só quando soltou o seu grito
Que escutou os seus ecos
Só quando seguiu adiante
Que olhou para trás
Só entendeu o oásis
Quando conheceu o deserto
Só quando engravidou de si mesmo
Que renasceu para a vida
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Medos
Meus medos
já não são medos
São coragens
disfarçadas
São sinais
de uma mudança
No percurso
da estrada
Meus medos
já não são medos
São disfarces
de um novo tempo
São desafios
na vida impostos
Pra pintar
novos momentos
Meus medos
já não são medos
São asas
de proteção
São versos
do meu reverso
Que faz pulsar
o coração
Maria Helena Mota Santos
11/12/2011
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Delicadeza
Prefiro ser a delicadeza
que vê em cada ser um cristal divino
mesmo que esteja em forma de pedra bruta
Prefiro ser a delicadeza
de um coração sensível e afável
que vê no outro um companheiro na vida
Prefiro ser a delicadeza
que não julga só pelas aparências
e que procura a pedra preciosa de cada ser
Prefiro ser a delicadeza
do perdão que enxerga na luz e na sombra
oportunidades de sabedoria e redenção
Prefiro ser a delicadeza
de uma amizade sincera e incondicional
nessa íngreme estrada de flores que é a vida
Maria Helena Mota Santos
29/09/2010
sábado, 17 de agosto de 2019
Antagonismos
Foi quando percebi o todo que descobri a minha exclusividade.
Foi quando estava no meio da multidão que percebi a minha solidão.
Foi quando pensei que estava em terra firme que o chão tremeu.
Foi quando acreditei que estava no fim que tudo começou.
Foi quando me abri em sorrisos que as lágrimas jorraram.
Foi quando mais confiei que conheci a decepção.
Foi quando só tinha amor no peito que a dor apareceu.
Foi quando abri os braços para o mundo que precisei ser acolhida.
Foi quando estava no deserto que apareceram os amigos.
Foi quando estava em pedaços que começou a construção.
Foi quando quase morri que olhei de frente pra vida.
Foi quando tinha motivos para odiar que encontrei razões para amar.
Maria Helena Mota Santos
março/2010
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Silêncio inacabado
É um silêncio inacabado
daquele de ato falho
Silêncio que ecoa barulho
tal qual a queda de um raio
É um silêncio da cor bege
que com melodia se une
Silêncio que cheira a jasmim
e deixa rastro de perfume
É um silêncio lá de longe
que captura imagens mil
Silêncio que borbulha a mente
e dá a cor de tom febril
É um silêncio que para as horas
e mergulha no túnel do tempo
É um silêncio acompanhado
que atrai mais sentimento
É um silêncio do universo
que se alimenta de energia
É um silêncio que pausa o mundo
sem tirar a sinergia
É um silêncio sem fronteiras
que viaja sem permissão
É um silêncio que invade as áreas
onde pulsa um coração
Maria Helena Mota Santos
08 04 2013
domingo, 11 de agosto de 2019
A queda do dia
Sonhei que o dia estava caindo numa velocidade inalcançável.
Tentei convencê-lo do quanto ele poderia ser encantado pelo sol.
Orientei-o a tomar banho de mar para lavar os resquícios da noite escura.
Mostrei a beleza dos campos e dos pássaros que voavam com direção.
Dei-lhe a mão para que ele pudesse aterrissar e ofereci uma bebida quente.
O dia sentou ao meu lado,cabisbaixo, e reclamou da escuridão da noite passada.
Disse-me que a lua adoeceu,acometida por um eclipse, e tirou folga, impedindo-o de armazenar luz.
Então emprestei os meus olhos para que ele pudesse enxergar a luz própria.
Falei da beleza da sua companhia e que já não me sentia só.
O dia me olhou cheio de promessa e resolveu cumprir sua missão.
Ergueu-se! Buscou o sol armazenado dentro de si e abriu um belo sorriso.
E soltou da minha mão para entrar no seu turno até ser rendido pela noite.
E foi sorrindo numa claridade impressionante e inimaginável.
E depois virou noite para no outro dia amanhecer.
Maria Helena Mota Santos
24 03 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Cotidiano
Passa um ônibus, passa um caminhão tocando alto uma canção.
Passa um ambulante numa bicicleta e ao seu lado passa um atleta.
Passa uma mulher, passa um cidadão e uma menina com pé no chão.
Passa um garoto levando uma bola e vai seguindo para a escola.
Passa um segundo, passa um minuto e eu daqui olhando o mundo.
Passa a lembrança, passa a saudade e a dor que dói em qualquer idade.
Passa um casal e passa um só e um pobrezinho que me dá dó.
Passa um bêbado soltando gritos e deixa um homem um pouco aflito.
Passa um louco com seu delírio prometendo Deus e o paraíso.
Passa o relâmpago, passa o trovão e o vento deixa flores no chão.
Passa o destino , passa voando, e meu poema eu vou compondo.
Passa você e tudo passa. Não espere não! Senão se atrasa!
Passa o mundo pra quem se foi ou pra quem deixa pra depois.
Maria Helena Mota Santos
domingo, 4 de agosto de 2019
Solitude
Existe um lugarzinho
Bem lá dentro do meu peito
Que é preenchido de solidão
Alimenta-se com o olhar opaco
E com o sorriso lânguido
É o lugar da nostalgia
De uma saudade
Do que não aconteceu
Nele
a solidão é vitalícia
e nem o infinito preenche
É um cantinho solitário
Que mesmo que venha amor
Ou mesmo que o amor se vá
Ele continua intacto
Não se abala
É linear
Só eu
tenho a senha da sua passagem
Só eu
posso me perder nos seus labirintos
É o lugarzinho de onde partem as buscas
É o lugarzinho da incompletude
É o melhor deserto que há em mim
Maria Helena Mota Santos
01 11 2012
segunda-feira, 29 de julho de 2019
Imprecisão
Trago em mim
tantas pessoas
que encontro
e desencontro
As que enxugam
lágrimas
As que acionam
prantos
Trago a luz
e a escuridão
A linha reta
e a contramão
Nem sempre só
sou solidão
Fico sozinha
na multidão
Trago a dor
dilacerante
E morro em vida
por um instante
Se pulso forte
sou emoção
Se estou letárgica
sou imprecisão
Trago a incerteza
do que virá
Mas abro as asas
para voar
Nem sempre sou
o que pensei
Ando em busca
do que não sei
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 25 de julho de 2019
Cores da vida
Estou à procura de uma cor
Que transforme uma tela
Dando um toque especial
De uma linda aquarela
Procuro uma cor marcante
Talvez seja a mais bela
A cor que enfeita o mundo
Quando se está na primavera
Quero uma cor estonteante
Que realize uma alquimia
Que traga em si a mistura
Da tristeza com a alegria
Quero a cor da cor dos olhos
De quem traz amor no coração
Quero a cor que de tão bela
Inspire a mais bela canção
A cor que eu tanto procuro
Nem é quente nem é fria
É a mistura de todas as cores
Que enche o mundo de magia
Maria Helena Mota Santos
26/11/2011
domingo, 21 de julho de 2019
Meu coração
Meu coração
se partiu em cores
e coloriu a estrada
dos dissabores
Meu coração
pulsou melodia
quando as notas frias
eram de agonia
Meu coração
escreveu poema
quando a paisagem
não era amena
Meu coração
surpreendeu minh'alma
quando pulsou amor
na íngreme estrada
Meu coração
é o melhor de mim
coordena os meus sentidos
para um amor sem fim
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 18 de julho de 2019
Oração do amanhecer
Senhor
Neste dia que amanhece
Entrego o controle da minha vida
A chave das minhas decisões
A lamparina que clareia a escuridão
A caneta que escreve minha história
As sandálias que alicerçam os meus passos
As emoções que acionam meus sentimentos
Senhor
Que eu possa andar pelos caminhos do perdão
Que nenhum sentimento me insinue escuridão
Que eu transite no portal da compreensão
E que eu seja um ombro amigo e irmão
Senhor
Que o passado me traga sabedoria
Que eu viva o presente deste dia
Que cada palavra seja uma nota de alegria
Pra transformar meu futuro em sinfonia
Senhor
Que meu ouvido seja surdo para a maldade
Que minha mão seja instrumento da caridade
Que eu não seja cego pra perceber a dor
Que eu olhe a vida com as lentes do amor
Amém
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 11 de julho de 2019
Linha do tempo
Não teço
cada dia
com linhas quebradas
pelo tempo
Em cada amanhecer
pego outra linha
e bordo
novo momento
Às vezes
de cores pálidas
Às vezes
de cores firmes
Eu valorizo
cada cor
A cor alegre
e a cor triste
Às vezes
teço pelo avesso
com as mãos trêmulas
de frio
Às vezes
tenho pouca linha
mas encaro
o desafio
Às vezes
penso que teço
um caminho
que escolhi
Mas percebo
que havia esboço
do bordado
que teci
Às vezes
fico perplexa
meus bordados
não reconheço
Mas não deixo
um só dia
Sem tentar
um recomeço
Teço
desde que acordo
e só paro
quando adormeço
Mas em sonho
sou intuída
e para o novo dia
eu amanheço
Maria Helena Mota Santos
domingo, 7 de julho de 2019
Dualidade
Uma criança grita, dentro de mim, noite e dia
e se assusta com fantasmas que a escuridão deixou.
Eu a pego no colo e a embalo com carinho
ela faz beicinho e se enrosca toda em mim.
Digito a senha do cofre que reservei luz
ela aponta sombras que a luminosidade fez surgir.
Digo pra ela que nada na vida é permanente
que até o sol todo dia é poente.
Digo que nada é tão real que não possa virar sonho
e que a vida é um quebra-cabeça infinito.
Ela me escuta com um ar reflexivo
e eu a embalo com a canção do novo dia.
Ela se acalma no meu olhar para o infinito
e se espreguiça com o ser mais relaxado.
E num abraço aconchegante e carinhoso
o sono chega e ela dorme nos meus braços.
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 3 de julho de 2019
Novo tempo
O novo tempo
cansou de esperar
e envelheceu
Enquanto esperava
colheu sabedoria
e renasceu
O sábio tempo
não mais esperava
o tempo mudar
Não tinha mais tempo
para esperar
a vida passar
Apenas andava
Apenas sabia
plantar todo dia
Plantava esperança
Plantava amor
Plantava alegria
Maria Helena Mota Santos
sábado, 29 de junho de 2019
Paixão
Alguém se apaixonou por mim
Alguém que andava ao meu lado
Mas só conseguia me ver
Por um espelho quebrado
Alguém se apaixonou por mim
Alguém que às vezes me acusava
De não ser boa o suficiente
Para amar e ser amada
Alguém se apaixonou por mim
Alguém que nasceu comigo
Mas me pegava pela mão
Só pra mostrar o labirinto
Alguém se apaixonou por mim
E já morava no meu ser
Mas buscava outras companhias
Apenas por medo de sofrer
Alguém se apaixonou por mim
E era eu mesma no espelho
Feliz só pela minha companhia
Sem precisar do consentimento alheio
Maria Helena Mota Santos
30 10 2012
terça-feira, 25 de junho de 2019
Eu quase sei
Eu quase sei
que não mais quero
o que tanto tempo
esperei
Não quero o morno
o intervalo
de uma vida
que não planejei
Eu quero o ocaso
renascendo
sob a luz
do amanhecer
Eu quero a flor
de toda cor
que a cada espinho
me faz crescer
Eu quero a rima
imperfeita
e entoada
no meu canto
Eu quero as partes
encontradas
e libertadas
em cada pranto
Maria Helena Mota Santos
27/07/2012
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Poetizei
Sem saber
Que não seria
Fui
Sem saber
Que não queria
Quis
Sem saber
Que não viria
Esperei
Sem saber
Que era fugaz
Eternizei
Sem saber
Que era verso
Poetizei
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 18 de junho de 2019
Inusitado
Não era por ali
Mas fui
Se era pra ficar
Segui
Aviso de perigo
Não li
Nasci com asas
Parti
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 14 de junho de 2019
Cores do ser
Cada ser traz uma cor
Que permeia este momento
E com um infinito matizado
Vai bordando o firmamento
Cada ser borda um ponto
Com a cor que traz em si
E faz a mistura das cores
Pela alquimia do sentir
Cada ser é uma aquarela
Com as cores que buscou
Uns pintam com cores frias
Outros pintam a cor do amor
São cores amanhecidas
São cores adormecidas
Cores que enfeitam cada hora
Cores que enfeitam cada vida
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 10 de junho de 2019
Aquarela
Caem-me cores
de colores
na minha tela
de plantão
Caem-me tintas
aquarelas
no caminho
da solidão
Caem-me papéis
bem decorados
com enredos
desfocados
Caem-me ideias
desconexas
à espera
dos meus cuidados
Caem-me sentimentos
tão variados
para encenar
no meu tablado
Caem-me silêncios
tão conturbados
como pausas
nos intervalos
Caem-me vidas
desprovidas
de um nexo
programado
Caem-me suportes
que dão norte
pra continuar
minha viagem
Maria Helena Mota Santos
21/04/2012
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Quem eu sou?
Quem eu sou?
Não sei não!
Posso mudar
no próximo minuto
a minha própria
definição.
Quem eu sou?
Não sei não!
Sou passarinho
Sou borboleta
E algumas vezes
fico no chão.
Quem eu sou?
Não sei não!
Sou sol brilhante
Sou chuva forte
Sou metamorfose
das estações.
Quem eu sou?
Não sei não!
Não sou estanque
Sou verso e rima
Sou melodia
de uma canção.
Maria Helena Mota Santos
16/11/2011
domingo, 2 de junho de 2019
Para sempre
O "para sempre"
pode durar
até amanhã
E o "nunca"
pode acabar
neste momento
A vida segue
modificando
os paradigmas
O que era óbvio
nas mãos do tempo
desmistifica
E as promessas
às vezes se perdem
nas mãos do vento
Que torna vulnerável
a senha confiável
de um momento
Maria Helena Mota Santos
16 08 2015
sexta-feira, 31 de maio de 2019
Pássaro ferido
Vi um passarinho morto no chão e fiquei comovida.
Hoje passei pelo mesmo lugar e ele continuava ali: inerte, repisado e solitário.
Trouxe-o no coração e o transformei em poesia!
Ontem
Enquanto andava
Vi um passarinho no chão
Morto para a esperança
Inerte para a ilusão
Hoje
Enquanto andava
Vi o passarinho no chão
Ninguém reclamou sua ausência
Sua parceira é a solidão
Um dia teve asas
E viu o céu de pertinho
Hoje conheceu o chão
E a dor de ser sozinho
Voa meu passarinho
Com as asas do pensamento
Encontre seu paraíso
Muito além do firmamento
E se força não tiver
Para além do chão voar
Na minha casa tem um jardim
Onde você pode descansar
Maria Helena Mota Santos
16/01/2012
quinta-feira, 30 de maio de 2019
Presença
Para esquecer
Nem sempre
É preciso ausência
Esquece-se
Mesmo
Na presença
Pois lembrar
É mais do que ver
É enxergar
No coração
A quem
Não se quer
Esquecer
Maria Helena Mota Santos
30 03 2014
domingo, 26 de maio de 2019
Meu retrato
Abandonei um par de lentes
Que ganhei lá no passado
Com elas eu via o esboço
Do meu retrato borrado
As lentes do meu passado
Tinham manual de instrução
Que prometia com o tempo
Aperfeiçoar minha visão
Usando as duas lentes
Tive meu olhar viciado
Eu seguia só uma reta
Nem olhava para o lado
Um dia lá pela noite
No colo da solidão
Meus olhos indignados
Fizeram revolução
Foram noites mal dormidas
E dias mal acordados
Mas a rebelião aconteceu
E as lentes se ajustaram
Olhei nos olhos do tempo
E com alegria percebi
Um retrato bem pintado
Que a vida fez de mim
Nunca tinha me visto antes
Da forma que vejo agora
Sou um retrato pintado
Com as tintas de cada hora
Hoje busco as minhas tintas
Pra pintar os novos quadros
Vivo nas asas do universo
Criando meus matizados
Maria Helena Mota Santos
03/12/2010
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Naquele dia
Olhando para o céu naquele dia
Eu tive a plena certeza
De que a certeza não existe
Na neblina que embaçava o sol
Percebi uma cortina improvável
Embaçando o meu olhar
E ofuscando a minha luz
Olhando para o céu naquele dia
Eu tirei a conclusão
De que é melhor ter saudade
Do que conviver com a ausência
Pois sentir saudade aproxima
Mas a presença da ausência
Faz distante quem está perto
Olhando para o céu naquele dia
Eu percebi claramente
Que em alguns momentos da vida
O silêncio é cheio de palavras
E as palavras são cheias de silêncio
E cada ação implica uma reação
Que cala fundo no coração
Olhando para o céu naquele dia
Eu desenhei o meu destino
Entre as nuvens que passavam
Planejei minhas viagens
Pra esperança dei passagem
Embarquei num pé de vento
E fui conhecer outra paisagem
Maria Helena Mota Santos
20/10/2010
segunda-feira, 20 de maio de 2019
Metamorfose da dor
O que é a dor
Senão um aperitivo
Do amor
Um pré-requisito
Da experiência
Um trilhar no túnel
Da sabedoria?
O que é a dor
Senão um encontro
Com o avesso
Com o lado imperfeito
E com o quadro pintado
Sem cor?
O que é a dor
Senão um linimento
Que provoca ardor
E aponta caminho redentor?
O que é a dor
Senão a bússola do homem
Em busca de um caminho profundo
Precursora dos grandes versos
E mãe de todos os poetas?
O que é a dor
Senão um passaporte
Para o mundo
Que toca bem lá no fundo
Trazendo à tona
O néctar do SER?
O que é a dor
Senão o caminho inverso
Da mediocridade
Que dá cor
A qualquer saudade
Sem escolher idade?
Sem idade
Chega a dor
Trazendo histórias
Cantadas e encantadas
De amor.
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 14 de maio de 2019
A história é assim
A história é assim
Um enredo que não tem fim
E que pode findar a qualquer hora
A história é assim
Uma certeza incerta
E uma saída em cada fresta
A história é assim
Um desbravar de vontade
Sem ter saciedade
A história é assim
Um começo esperando o fim
E um fim sem aviso prévio
A história é assim
Todos na mesma viagem
Diferentes destinos na bagagem
A história é assim
Vários mapas disponíveis
Levando a lugares imprecisos
A história é assim
Revezamento constante
De quem vai e de quem chega
A história é assim
Parceiros de todas idades
Em busca da eternidade
Maria Helena Mota Santos
06/06/2011
domingo, 12 de maio de 2019
Mamãe
HOMENAGEM A TODAS AS MÃES, VISÍVEIS E INVISÍVEIS.
Um dia
Numa terra bem distante
Deus acordou pensativo
Cheio de reticências
Após ter criado o mundo
Os animais
A natureza
O homem e a mulher
Sentia que sua criação
Não estava completa
Precisaria colocar
Um sentimento no mundo
Que fosse antídoto
Para as dores
Para os sofrimentos
Para a solidão
A quem proporcionar
Tal poder
De gerar um sentimento
Tão infinito?
A quem proporcionar
O poder
De gerar nas entranhas
O amor incondicional?
Após pensar por um tempo
Criou um ser
Dentro de um outro ser
A quem chamou de MAMÃE
E para que o dom
Fosse extensivo
A todas as mulheres
Deu a cada uma
Esse poder maternal
De gerar um ser
No próprio ventre
Ou no ventre do mundo
E só assim descansou
Por saber
Que no mundo
Há um Anjo incansável
Que faz plantão
Em cada esquina
Da vida
Seja dia
Seja noite...
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 8 de maio de 2019
A máscara do eu
Vesti-me de flores
Para atrair a alegria
Andei pelo mundo
E me fiz fantasia
Coloquei uma máscara
Que meu rosto escondeu
Caminhei pela vida
Buscando o meu eu
O eu rebuscado
De tanta inferência
O eu maltratado
Pela obediência
O eu remexido
Pelas dores sentidas
O eu naufragado
Nas lágrimas contidas
Escutei minha voz
E de frente me olhei
Eu era tão simples
E me compliquei
Agora sou várias
Nenhuma delas sou eu
Preciso encontrar
O que em mim se perdeu
Tirei minha máscara
E no espelho me olhei
Examinei o meu rosto
E não me encontrei
No reflexo do espelho
Encontrei uma menina
Que não mais chorava
Que não mais sorria
Peguei-a no colo
E embalei o seu sonho
Ela mora comigo
E não mais a abandono
Maria Helena Mota Santos
23/11/2010
sábado, 4 de maio de 2019
A greve das letras
As letras fizeram greve
E não formavam palavras
O escritor ficou perplexo
Mas elas nem se importavam
Deitaram no alfabeto
Quase que em câmera lenta
O escritor as cutucava
E elas estavam sonolentas
O escritor ficou olhando
Com uma grande aflição
Como iria entregar no prazo
A sua composição?
Ficou tentando entender
O motivo do levante
Será que estavam deprimidas
E lhes deram algum calmante?
Só a letra S muito sensível
Acordou meio sinuosa
E chamou o escritor
Para um dedinho de prosa
Disse que estavam estressadas
De tanto ir pra lá e pra cá
Só andavam entre os dedos
Nem com os pés podiam andar
Eram acordadas qualquer hora
De dia ou de madrugada
Às vezes estavam exaustas
E ninguém se incomodava
Às vezes caíam em mãos
Que a elas maltratavam
Elas ficavam sem sentido
E até o acento lhes tiravam
Alguns deles nem sabiam
O seu sentido aplicar
Faziam tanta confusão
Que as faziam desmaiar
Elas também tinham direito
De ir e vir quando quisessem
Aí entraram numa oração
E Deus atendeu suas preces
Tinham o sonho de voar
E conhecer o infinito
Queriam na mão do vento
Ser um poema bem bonito
Maria Helena Mota Santos
21/03/2010
sexta-feira, 3 de maio de 2019
Florzinha
Se eu fosse uma florzinha
Bem pequena e delicada
Moraria em um jardim
Não pensaria em mais nada
Iria só enfeitar vidas
E alegraria os ambientes
Seria cúmplice dos amantes
E viveria sorridente
Eu transformaria o orvalho
Em bolinhas de sabão
Para alegrar as criancinhas
Que me carregassem na mão
Pegaria cada pétala
E enfeitaria o caminho
De quem tivesse bem triste
E se sentisse sozinho
Não me prenderia aos jarros
Seria uma flor itinerante
Conheceria as estradas
E chegaria ao horizonte
Maria Helena Mota Santos
08/11/2011
terça-feira, 30 de abril de 2019
Verso em flor
Era pra ser uma poesia
Versificada no pra sempre
Mas o verso eternamente
Desfez-se da estrofe
De repente
E a poesia teve fim
Lá na estrofe recomeço
Os versos de outra época
Mudaram de endereço
E a nova poesia
Teve espinhos a lhe ferir
E da dor brotou a flor
Que enfeitou novo jardim
A poesia agora escrita
Tem na lágrima o regador
Chove verso no inverso
Do sentimento que brotou
E no novo há o alento
De saber-se beija-flor
Que visita outros jardins
Sem encontrar a sua flor
Maria Helena Mota Santos
20/10/2013
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Intangível
Não sei
Pensava saber
Nada sei
Minhas certezas
São incertas
De portas abertas
Minhas verdades
São vulneráveis
Insaciáveis
Mutáveis
Olho para o alto
Do lado de baixo
Vejo estrelas
Inatingíveis
Majestosas
Soberanas
Olho para o lado
Do lado inverso
Vejo gente
Formando versos
Tragando a vida
Nos seus reversos
Olho para dentro
Do lado externo
Vejo a mim
Com a alma alada
Vestida de sonho
Num caminho
Intangível
Sem fim
Maria Helena Mota Santos
20/03/2011
domingo, 21 de abril de 2019
Poesia
Queima-me
Não sei se é fogo
Inunda-me
Não sei se é água
Emociona-me
Não sei se é ternura
Entristece-me
Não sei se é dor
Alegra-me
Não sei se é prazer
Veste-me
Não sei quais as cores
Arrebata-me
Não sei se é paixão
Extasia-me
Não sei se é amor
Só sei que é poesia
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 19 de abril de 2019
O mundo gira
O que ontem era verdade
Hoje pode ser apenas uma lembrança
Porque a vida é uma roda que gira
E nem sempre se está do lado da luz
Luz e sombra se revezam todo tempo
O que foi um dia ainda poderá ser
Só o tempo é uma caravana que passa
E não dá chance pra quem perdeu a viagem
O que ontem era tristeza
Amanhã pode ser o palco da alegria
Pois as lágrimas são reversos de sorrisos
A dor é o terreno fértil do prazer
E a saudade é um tempero necessário
Para quem embarcou nas teias do amor
O que ontem era fundo do poço
Hoje pode ser um despertar luminoso
Pois quem chega lá no fundo
E conhece o mais profundo
Pode descobrir novas sementes
Dentro do espaço solitário da dor
E nessa ciranda da vida
Cada ser é eco das suas palavras
Cada ser patenteia a sua ação
E cada dor ou amor que se espalha
Vai impregnando seu percurso
Fundamentando o seu discurso
Enquanto a vida segue seu curso
Maria Helena Mota Santos
03 12 2012
segunda-feira, 15 de abril de 2019
A lição da chuva
Voltava para casa, hoje, após uma caminhada matinal
e fui surpreendida por uma chuva inesperada.
Daquelas chuvas que nem o canal do tempo faz previsão.
Acelerei os passos e procurei um abrigo.
Quando lá cheguei encontrei outras pessoas
que nem tinham agendado comigo naquela hora.
Estávamos ali, juntas, quase nos tocando, por um acaso.
Aproveitei o momento para observar as minhas reações internas
e as que eu podia perceber ou inferir nas pessoas.
Olhei primeiro para o lugar mais confortável:
O lado de fora!
Olhar pra si é sempre mais difícil!
Umas pareciam inquietas.
Outras mostravam irritação.
Algumas se impacientavam e saíam se molhando.
Outras, como eu, pareciam observar o momento,
talvez, com receio de acionar recordações melancólicas.
A chuva tem o poder de trazer aquela nostalgia latente.
Resolvi então olhar com mais atenção a chuva que caía.
E percebi que ao cair no chão, os pingos não escorregavam,
ao contrário, faziam círculos harmônicos.
Os pingos numa dança belíssima em pista molhada,
com uma bela sincronia, rodopiavam de mãos dadas.
Estavam lado a lado com outros círculos mas não se misturavam.
Cada grupo era companheiro mas não perdia sua identidade.
Fiquei assim em torno de dez minutos e aprendi uma grande lição.
Nas alturas ou no chão se pode fazer da vida uma bela canção.
Maria Helena Mota Santos
21/10/2010
sexta-feira, 12 de abril de 2019
Pássaro livre
A palavra que me prende
é a mesma que liberta
Vou deixar a porta aberta
e meu pássaro vai fugir
E de posse do meu mundo
vou voar sempre mais alto
Numa terra bem distante
cuja lei é o infinito
Vou cair sem proteção
sem me prender em nenhum laço
E se a chuva me molhar
vou me aquecer em um abraço
E beberei todos seus pingos
e saciarei meu infinito
E se o sol não aparecer
eu o pintarei no meu sorriso
E farei lá no horizonte
o suporte de uma rede
E balançando o meu mundo
vou saciar a minha sede
Maria Helena Mota Santos
13 10 2012
quarta-feira, 10 de abril de 2019
Banho de chuva
O céu se derrama
Em lágrimas
Chorando o sol
Que se escondeu
Meu sentimento
Contrasta
Com a terra seca
Que se inunda
Eu sou criança
Só com vontade
De tomar banho
De chuva
Maria Helena Mota Santos
03 04 2014
terça-feira, 9 de abril de 2019
Amores e Amores
Não tenho medo dos amores que se consumam e que se consomem com o tempo.
Tenho medo dos amores que não acontecem fora do coração e nos acompanham, ao longo da vida, queimando no íntimo do ser.
Tenho medo dos amores que não são consumidos pelo cotidiano e crescem puro como na idealização de um sonho.
Tenho medo dos amores que tal como uma sombra acompanham as nossas relações e espreitam a nossa cama.
Tenho medo dos amores que estão entre as relações, mas não se tem como provar porque não é uma traição de fato.
Tenho medo dos amores que ficam intactos no ser e se alimentam e se acendem a cada olhar reacendendo com a chama do tempo.
Tenho medo dos amores velados que nunca serão revelados nem desvelados.
Tenho medo dos amores perfeitos que invalidam o verdadeiro amor que conhece o cotidiano das dores e aflições.
Tenho medo dos amores que se apresentam como salvação nas crises e que aparecem como algo inatingível e infindável.
Tenho medo do amor fruto proibido porque resiste ao longo dos dias.
Tenho medo dos amores que se escondem, na maioria das vezes, usando a máscara da amizade.
Não tenho medo da traição que se efetiva e que atrai uma atitude.
Tenho medo da traição velada que nunca se tem certeza da sua existência e transcende as leis da justiça.
Tenho medo dos amores sem amarras , sem superego e sem fronteiras
Tenho medo do amor platônico que é encoberto pelo medo da realidade.
Não tenho medo da traição que é inerente ao ser humano.
Tenho medo da traição perfeita porque tem álibi e não tem culpa.
Tenho medo dos amores que tiram o ser amado da sua presença sem tirá-lo do seu lado.
Maria Helena Mota Santos
Fev/2009
domingo, 7 de abril de 2019
Cantinho
Eram tantas as viagens
Eram tantas as bagagens
Que parei o trem do tempo
E pedi para descer
Despojei-me do supérfluo
Fiquei mirando o céu aberto
Coloquei-me em reverso
Num cantinho me aconcheguei
Fechei os olhos para o óbvio
Troquei lentes viciadas
E no balanço do tempo
Sem ter tempo divaguei
Maria Helena Mota Santos
15 08 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Minhas primeiras leituras
Desde muito pequenina
A leitura me encantava
E na sopa de letrinhas
Formei as primeiras palavras
Fui apresentada aos livros
E as gravuras me encantavam
Ficava imaginando histórias
E a poetisa despontava
Chegaram em meu auxílio
Alguns seres encantados
Que com suas grandes lições
Meu universo povoaram
A cinderela chegou
E me pegou pela mão
Mostrando que a maldade
Merece uma grande lição
Ao patinho feio dei abrigo
Fui solidária a sua dor
E fiquei emocionada
Quando um cisne se tornou
Fui apresentada a Alice
E fui vestida de magia
Ela me levou docemente
Ao país das maravilhas
A Poliana me marcou
Com seu jogo do contente
Mostrando que as dificuldades
Com otimismo se vence
O menino do dedo verde
Ensinou-me a enxergar
Que nas paredes frias
Flores podem despontar
Passeei com muita gente
Desse reino encantado
Encontrei o Pequeno Príncipe
Que me deixou grande legado
Ele me levou aos planetas
Ensinou-me a cuidar da rosa
Cativou-me e me fez responsável
Pelos amigos a minha volta
Minhas primeiras leituras
Alicerçaram meu ser
Hoje só fico contente
Se tenho livros pra ler
Maria Helena Mota Santos
03 02 2015
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Corrida da vida
Respire fundo!
Pode começar a hora que você quiser!
A partida começa na rua da saudade.
E a chegada é lá na rua da esperança.
No percurso, hidrate-se com lembranças.
E não esqueça do bloqueador da tristeza.
Use as roupas leves da alegria.
E proteja os pés contra a monotonia.
E para dar mais energia durante o percurso,
Não esqueça da pitadinha de sonho.
Corra! Mas não perca o compasso.
Pise! Mas deixe bons rastros.
Beba o líquido da moderação.
E embale tudo com uma canção.
Promova abalos sísmicos nas camadas internas.
E após a acomodação das falhas causadas pela erosão da dor,
Entre nos escombros e traga o troféu de si mesmo.
Após o resgate, siga a seta, vire a outra esquina
E aguarde instruções para a próxima corrida da vida.
Maria Helena Mota Santos
16 03 2010
sábado, 30 de março de 2019
Raios de sol
Acredito que ao nascer comprei um estoque de raios de sol para gastar nos dias nublados da vida.
Abrindo-me em sorrisos fui caminhando pelas estradas e bifurcações da vida.
Encontrei pelo caminho situações e pessoas que me acrescentaram pelo amor ou pela dor.
Hoje num dia pálido e chuvoso, em pleno verão, não consigo encontrar o meu estoque de raios de sol.
Olho pra dentro, mexo e remexo, contorço-me, vou para lá e para cá ,no canto da alma, e meu estoque parece que acabou, sem aviso prévio.
Concentro-me, mentalizo luz, aciono palavras iluminadas, e as nuvens continuam insistindo em ficar.
Nada se traduz como prenúncio de claridade.
Coloco lentes coloridas, sorrio e abro os braços, num ângulo de cento e oitenta graus, para abraçar a vida.
Olho para o céu na esperança de novas cores e ele permanece da cor da tristeza.
Contorço-me! Não caibo em mim.
Não é da minha natureza essa tristeza intensa que queima no meu peito como fogo ardente em estado de combustão.
Espero! As horas não passam! O telefone não toca! A vida está em coma!
O tempo parece infinito diante do meu desejo de que ele passe rápido.
Vislumbro um novo ano em pleno janeiro da vida.
Saio correndo de mim e vou buscar raios de sol nas calçadas da vida, nas amizades, no amanhecer de cada dia.
Encontro a luz em lugares inesperados.
Nos passantes solitários, nos olhares tristes, na dor da despedida, num olhar pueril, no sorriso inocente de uma criança, num gesto amigo e delicado, na vida....
Resolvi sair do meu caos e passear no caos do mundo e, certamente, renovarei meu estoque de raios de sol.
Maria Helena Mota Santos
04/02/2010
quarta-feira, 27 de março de 2019
Paradoxo
Tão frágil
Que se vestiu
De fortaleza
Congelou
Suas lágrimas
E engessou
Sua tristeza
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 26 de março de 2019
Meu sonho
O meu sonho
é seguir sonhando
e pintando cores
no meu dia a dia
Tenho o sonho
de sonhar
com a realidade
vestida de fantasia
O meu sonho
é flutuar
nas asas leves
da poesia
Tenho sonho
de escrever
versos de amor
todos os dias
O meu sonho
é não me opor
ao sonho
que se insinua
Tenho sonho
de plantar
e regar a flor
de cada rua
O meu sonho
é levitar
e conhecer
o infinito
Tenho sonho
de deixar o mundo
bem mais pertinho
do paraíso
Maria Helena Mota Santos
sábado, 23 de março de 2019
Espetáculo
Às vezes penso
que viver
é sonho
e se eu acordar
perderei o espetáculo
dos enredos
que escrevi
Às vezes penso
que moro
num palco
e se não atuar
perderei meu papel
e serei
só plateia do que fui
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 20 de março de 2019
Malabarismo
Olha a moça! Com malabarismo, levando seu cesto, entoa uma canção.
Olha a moça! Morrendo de frio no meio da chuva do seu coração.
Olha a moça! Com seu cobertor, cobrindo seu mundo, não perde o gingado.
Olha a moça! Cabelo molhado e os pés bem cansados do sapateado.
Olha a moça! Olhar no presente, o futuro distante, mas tem fantasia.
Olha a moça! Visitar a cidade, conhecer as paisagens, é o que mais queria.
Olha a moça! Com grande equilíbrio desfila na vida carregando seu pote.
Olha a moça! Que mata a sede, ajuda o vizinho e faz o que pode.
Olha a moça! Vestido pintado, do dia suado , de tanta labuta.
Olha a moça! Ficar sem comida, sem água da chuva é o que lhe assusta.
Olha a moça! Que quando nasceu já foi escolhida a sua profissão.
Olha a moça! Não tem depressão porque no sertão não tem disso não.
Olha a moça! Que olha pro céu e fica perplexa ao ver um avião.
Olha a moça! Que brota bonita e é a paisagem mais linda que há no sertão.
Maria Helena Mota Santos
11/03/2010
terça-feira, 19 de março de 2019
São José e o sertanejo
HOMENAGEM AO DIA DE SÃO JOSÉ!
O sertanejo olha para o céu
Catando nuvens alvissareiras
Que tragam uma tromba d’água
Pra ter colheita de primeira
Entoa cânticos e vai orando
Andando com o pé no chão
Se São José não mandar chuva
Será um ano de aflição
Acorda com uma euforia
Que na luz do sol pode morrer
Porque pra ele o dia lindo
É quando começa a chover
Ele fica o dia todo
Olhando para as alturas
Pois se hoje tiver chuva
Será um ano de fartura
E entre terços e novenas
Seu destino vai desfiando
Se chover tem sobrevida
E boa colheita todo o ano
Se não bastasse o sacrifício
Tem uma promessa pra fazer
Faz um sorteio de uma fruta
Que passa o ano sem comer
Se cair chuva vai ter festa
Tem samba de roda e forró
Mas se o sol prevalecer
Fica triste que dá dó
E São José seu Protetor
Teve com Deus uma conversa
Pedindo que mande chuva
Pra que hoje haja festa
Maria Helena Mota Santos
O sertanejo olha para o céu
Catando nuvens alvissareiras
Que tragam uma tromba d’água
Pra ter colheita de primeira
Entoa cânticos e vai orando
Andando com o pé no chão
Se São José não mandar chuva
Será um ano de aflição
Acorda com uma euforia
Que na luz do sol pode morrer
Porque pra ele o dia lindo
É quando começa a chover
Ele fica o dia todo
Olhando para as alturas
Pois se hoje tiver chuva
Será um ano de fartura
E entre terços e novenas
Seu destino vai desfiando
Se chover tem sobrevida
E boa colheita todo o ano
Se não bastasse o sacrifício
Tem uma promessa pra fazer
Faz um sorteio de uma fruta
Que passa o ano sem comer
Se cair chuva vai ter festa
Tem samba de roda e forró
Mas se o sol prevalecer
Fica triste que dá dó
E São José seu Protetor
Teve com Deus uma conversa
Pedindo que mande chuva
Pra que hoje haja festa
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 18 de março de 2019
Incertezas
No terreno fértil
dos porquês
descobri a sabedoria
das perguntas
sem respostas
Em terreno íngreme
e nas pausas
para as esperas
encontrei
o silêncio salvador
Percebi
nas entrelinhas
que as respostas
desencantam o fascínio
do saber
As perguntas
abrem caminhos
e aguçam um tempo
aprendiz
de incertezas
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 15 de março de 2019
Atitude
Prefiro ser a ausência
Do que a presença não consentida
Prefiro a distância que aproxima
Do que a proximidade que afasta
Prefiro caminhar sozinha
Do que ser eco de outros passos
Prefiro chorar minhas lágrimas
Do que sufocar meu sorriso
Prefiro encarar minha dor
Do que maquiar o prazer
Prefiro enfrentar a verdade
Do que me aliar à mentira
Prefiro sofrer decepção
Do que me prevenir do amigo
Prefiro a lentidão dos minutos
Do que embriagar minhas horas
Prefiro esperar o meu tempo
Do que abortar uma vida
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 13 de março de 2019
Grafiteiros da saudade
Fiz grafite na janela
Com matizes de saudade
Fiz rabiscos de um sonho
Sem objetivar realidade
Na linha mestra de uma asa
Esbocei um pássaro livre
Que me levava urgente
A lugares imperdíveis
Fiz grafite irreverente
De momentos distraídos
Fiz o meu eu se desnudar
E caminhar sempre comigo
Esbocei o improvável
Na linha imprecisa do tempo
Desmascarei as certezas
E passeei contra o vento
Fiz grafite no coração
Com matizes de alegria
Dei alforria à solidão
Parti em minha companhia
Maria Helena Mota Santos
sábado, 9 de março de 2019
Eu sou
Eu sou
Uma brisa suave
Que pousou no acaso
E se fez gente
Eu sou
Um tom solitário
Que pousou num acorde
E se fez canção
Eu sou
Um sentimento profundo
Que pousou em um verso
E se fez poesia
Eu sou
Um barquinho de papel
Que remou pelo mar
E se fez infinito
Eu sou
Uma pétala ao vento
Que pousou num jardim
E se fez flor
Eu sou
Um pedacinho de saudade
Que pousou num coração
E se fez amor
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 8 de março de 2019
Homenagem ao dia Internacional da Mulher!
Era uma vez
Uma menina
Que no mundo
Desembarcou
Trouxe em si
A essência
Da sutileza
E do amor
Era uma vez
Uma menina
Que no universo
Levitou
Para aprender
A voar com Anjos
E espalhar
Pétalas de flor
Era uma vez
Uma menina
Que com o infinito
Se mesclou
Para aprender
A não ser estanque
E uma nova pele
Resgatou
Era um vez
Uma menina
Que tinha em si
A cor do amor
Foi crescendo
E com o tempo
Em Mulher
Se transformou
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 6 de março de 2019
Indagações
O que dizer?
Nem sempre se tem palavras
Quando calar?
Nem sempre se tem silêncio
Quando seguir?
Nem sempre se tem estrada
O que fazer?
Nem sempre se tem clareza
Pra onde ir?
Nem sempre há um lugar
Como ajudar?
Nem sempre se tem a forma
Quando mudar?
Nem sempre se tem coragem
Quando amar?
Sempre que o coração pulsar
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 5 de março de 2019
Será?
Do jeito que foi
nunca será
do jeito que teria sido
se não fosse
Do jeito que é
nunca poderá ser
do jeito que seria
se não tivesse sido
Do jeito que seria
nunca teria sido
se não fosse
do jeito que é
Será que o que foi
teria sido
do jeito que é
se não fosse?
Maria Helena Mota Santos
domingo, 3 de março de 2019
A dor do mundo
Ainda sinto
O mundo doer
Em mim
E por sentir
A dor do mundo
Ainda vivo
Porque viver
É mais que anestesiar
Dores
E inventar amores
Viver é palpitar
Sorrisos
E lágrimas
É sobretudo
Não perder as asas
Maria Helena Mota Santos
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Não sei dizer
O que dizer
se não se tem palavras
se em cada brecha
entra uma sensação?
O que dizer
de sentimentos novos
que sem pedir licença
invadem o coração?
O que dizer
da insensatez
do momento novo
que invade o agora?
O que dizer
do olhar no espelho
que vê invertida
uma mesma história?
O que dizer do sim
com a máscara do não
e da atemporalidade
que invade o ser?
O que dizer
da linha da vida
que traz um passo a menos
a cada amanhecer?
O que dizer?...
Ah... Não sei dizer!
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
O encanto de ser
Tinha as asas de um pássaro e pousou perto do céu
Escolheu uma estrela e a trouxe pra sua estrada
Pegou uma nuvem branca e se deitou sobre ela
Brincou com o sol e bronzeou os seus dias
Esperou pela lua e a fez iluminar suas noites
Encontrou um cometa e embarcou na sua cauda
Encantou-se com Saturno e usou o seu anel
Encontrou um arco-íris e ganhou um pote de ouro
Viu o esboço de Deus e desenhou sua fé
Tinha os olhos coloridos e enxergou o invisível
Escolheu ver as cores nos quadros neutros da vida
Pegou uma varinha mágica e encantou corações
Brincou com a incerteza e enfrentou a viagem
Esperou a alegria e dispensou a tristeza
Encontrou um atalho e preferiu um caminho
Encantou-se com a vida e enfrentou os percalços
Encontrou um anjo e herdou sua leveza
Viu o esboço de Deus e desenhou seu amor
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
Voando feliz
Se minha lágrima cai respinga no mundo
Se um sorriso se abre enxuga o respingo
Se eu sou tão pequena em relação ao Universo
Com o fermento do amor cresço até o infinito
Se eu ando calada ouço as vozes de dentro
Se eu ando falando o silêncio se instala
Se eu sou obra inédita e de mim não há réplica
Eu preciso ter fé pra vencer a batalha
Se uma estrela cadente se muda do céu
Se eu faço um pedido pra chuva passar
Se a estrela descer enxugando as gotas
Eu já tenho certeza que o sol vai raiar
Se eu estou num cantinho bem particular
Se vislumbro um mundo que vou conquistar
Se na selva não há animais predadores
Vou mudando de pele e me deixo guiar
Se uma luz me aponta um caminho no mundo
Se uma voz de comando me manda partir
Se eu sou ser alado sem pressa e sem medo
Vou voando feliz num mundo sem fim
Maria Helena Mota Santos
21/05/2010
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Carência
Careço
do meu silêncio
Careço
da minha paz
Pra me mostrar
um espaço novo
Pra vida
que se refaz
Careço
do meu olhar
pra via
da solidão
Para entender
estas linhas
Da palma
da minha mão
Careço
de ter saudade
de tudo
que já se foi
Careço
de viver o agora
Sem deixar nada
pra depois
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Miragem
Eu amo a miragem
que saiu da imagem
que um dia se quebrou
Eu amo as partes
que catei do chão
e refiz com muito amor
Eu amo o possível
que do impossível
se salvou
Eu amo as chegadas
que se originam
das partidas de um amor
Eu amo porque amo
o que seria
um desamor
Eu amo o fim
que dá início
a nova história de amor
Maria Helena Mota Santos
sábado, 9 de fevereiro de 2019
Possibilidades
Do
Sempre
não sou
Do
Nunca
muito menos
Sou
das possibilidades
e das vulnerabilidades
da inconstância
da vida
Sou
do inusitado
indeterminado
conquistado
Não sou
estanque
Meu caminho
é adiante
Certamente
Não sou do caminho
do meio
Sentimentos antagônicos
permeio
Extraio vida
da sobrevida
Com versos
e rimas
curo as minhas
feridas
Maria Helena Mota Santos
Sempre
não sou
Do
Nunca
muito menos
Sou
das possibilidades
e das vulnerabilidades
da inconstância
da vida
Sou
do inusitado
indeterminado
conquistado
Não sou
estanque
Meu caminho
é adiante
Certamente
Não sou do caminho
do meio
Sentimentos antagônicos
permeio
Extraio vida
da sobrevida
Com versos
e rimas
curo as minhas
feridas
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Incógnita
Era pra ser apenas uma pausa
Na eternidade do sentimento
Era pra ser apenas um flash
No raio infinito que circunda a luz
Era pra ser apenas um momento
Na longa estrada do horizonte
Era pra ser o que se foi sem ser
E se dissipou sem acontecer
Era pra ser o retorno do caminho
E o início de um caminho novo
Era pra ser a incógnita na equação da vida
E a exatidão na indecisão da estrada
Era pra ser a força da fragilidade do instante
E a sensatez na efemeridade da euforia
Era pra ser uma demão nas tintas do amor
Numa obra de arte que o tempo desbotou
Maria Helena Mota Santos
sábado, 2 de fevereiro de 2019
Parte latente
Era uma parte de mim que partia
Naquele dia no qual o sol se pôs
Enquanto outra parte de mim renascia
Parte que eu tinha deixado pra depois
Fez-se parto da parte preterida
No tempo em que não havia entardecer
E só na hora do sol poente
A parte, enfim, pôde renascer
É parte que ameniza a incompletude
E cobra o nascer para outra aurora
É parte que aponta pra outra margem
E redesenha uma nova trajetória
É parte que renova as estações
É parte que sobrevive de esperança
É parte que aponta horizontes
É parte necessária pra mudança
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
Partes de mim
Partes de mim estão livres
E fazem redemoinho
No vento das emoções
Partes de mim são aladas
E se emparelham com o tempo
Nas asas da imaginação
Partes de mim são partidas
Que enfrentam tempestades
Em busca de um novo sol
Partes de mim são como águias
Que voam sempre mais alto
Em busca do infinito
Partes de mim são casulos
Que preparam o momento
De ser borboleta no mundo
Maria Helena Mota Santos
domingo, 27 de janeiro de 2019
Transparência
Quero olhar dentro de mim
Sem máscara
Sem caleidoscópio
Sem subterfúgio
Sem brincar de esconder
Quero encarar o que dói
O que cicatrizou
A ferida que apenas fechou
Mas desperta a cada pesadelo
Quero dançar comigo mesma
Na sinfonia do momento
Sem valsa encobrindo samba
Sem samba encobrindo valsa
Quero bailar no salão da vida
Vida Real sem fronteiras
Vida sem grilhões
Quero dar o grito certo
No lugar certo
Quero sonhar
Sem me esconder de mim
Quero ir
Quero vir
Quero falar palavras presas
Quero falar de pensamentos
De sofrimento
De alegria
Quero escutar o companheiro
Sem misturá-lo comigo mesma
Quero passear com o amigo
Sem interferir no seu mundo
Quero ser eu
Sem pedir desculpas
Quero ser autêntica
Quero partir do mundo um dia
Sem a sensação de agonia
Ao descobrir que vivia
Uma utopia
Maria Helena Mota Santos
08/05/2010
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Silêncios e palavras
São os silêncios
Que compõem as palavras
Presas no coração
São os silêncios
Que enviam os sentimentos
Para a cristalização
São os silêncios
Que falam de amor reprimido
Nas entrelinhas de uma canção
São os silêncios
Que se revestem de palavras
E fazem rebelião
E os silêncios alforriados
Atravessam a solidão
Caem nos versos e reversos
E publicam sua paixão
Maria Helena Mota Santos
26/09/2011
sábado, 19 de janeiro de 2019
O parto nosso de cada dia.
No início de cada manhã
há de se assumir a gravidez dos sentimentos
e não provocar aborto no que é indesejado.
No início de cada manhã
há de se assumir o embrião do ventre da alma
e encará-lo como parte do seu ser.
No início de cada manhã
há de se acompanhar os sinais que vêm de dentro
e acompanhar preventivamente a gestação
para facilitar o trabalho de parto.
No início de cada manhã
há de se escutar os ruídos da alma
com as contrações que vêm de dentro
e facilitar a dilatação dos sentimentos.
No início de cada manhã
há de se aceitar a dor presente
e acarinhá-la para facilitar a passagem
que levará a outro canal da vida.
No início de cada manhã
há de se agradecer por estar pulsando
e abraçar com carinho a dor ou alegria
como parte vital dessa grande travessia.
Maria Helena Mota Santos
09/04/2010
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
o amor
O que é o amor senão
Uma amizade sem limite
Um sofrimento prazeroso
Uma comunhão na diferença
Um esperar desesperado?
O que é o amor senão
Um caminhar sem um padrão
Um palpitar no infinito
Uma doação sem ter estoque
Um levitar na multidão?
O que é o amor senão
Um lugar do paraíso
Um coração em disparada
Uma chuva de sorrisos
Uma saudade acompanhada?
O que é o amor senão
Um deserto com oásis
Um labirinto com passagem
Uma felicidade indefinida
Uma essência colorida?
O amor é lágrima revertida em alegria
É viagem sem destino e sem roteiro
É desatino que equilibra as travessias.
É a magia que encanta o mundo inteiro.
Maria Helena Mota Santos
08/04/2010
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
Sou eu?
Sou ingênua?
Sou menina?
Sou um acorde
com tom da cor da inocência?
Sou um verso
que atrai os reversos?
Sou alvo fácil
por ser um abraço infinito?
Sou uma criança
que na mulher fez morada?
Sou um cálice
de bebida doce ou amarga?
Quem sou eu?
Sou o que penso
ou sou um poema inexato?
Sou uma pessoa feliz
ou sou carente de um abraço?
Quem sou eu?
Sou uma pausa
ou sou um lugar infinito?
Quem sou eu?
Uma asa sem pássaro
ou um pássaro sem ninho?
Um mar bem revolto
ou um coração em desalinho?
Quem sou eu?
Um eu sem você
ou um você com ausência?
Quem sou eu?
Neste vale que se perde de mim
e me traz um sofrer sem fim?
Maria Helena Mota Santos
28/10/2011
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Um sopro de vida
Se no fio ainda pousa um pássaro
Se as pessoas ainda caminham na rua
Se as luzes ainda estão acesas
Se o céu ainda tem a cor azul
Se o sol ainda aquece com seus raios
Se a lua ainda mostra as suas fases
Se o dia ainda amanhece e anoitece
Se o coração ainda abriga sentimentos
Se as pessoas ainda se abraçam
Se os amigos sinceros ainda existem
Se a confiança ainda está em pauta
Se o amor ainda paira pelo ar
Se as árvores ainda crescem e frutificam
Se o pensamento ainda é livre pra sonhar
Se ainda há um sopro de vida
Ainda dá tempo
Da tristeza se revezar com a alegria
Do medo se revezar com a coragem
Da raiva se revezar com o perdão
Do conflito se revezar com a união
Da desilusão se revezar com a esperança
Da apatia se revezar com a ação
Do pessimismo se revezar com o otimismo
Do desencanto se revezar com o sonho
Da guerra se revezar com a paz
Porque a vida é a respiração que amanhece
É cada batida que no coração acontece
É cada sonho que no ser se estabelece
É cada desejo transformado em prece
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Renascimento
Acordei
com gosto
de amor
e de esperança
E como
amor
e esperança
não cansam
Estou arteira
feito criança
À espera
da próxima
dança
Maria Helena Mota Santos
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