terça-feira, 23 de março de 2010
Teatro itinerante
Hoje acordei com vontade de atuar no palco da vida.
Saí dessa ciranda e peguei “carona” nas histórias contadas, ao vivo, no picadeiro da vida.
E, assim, nesse teatro itinerante que é o mundo, fui registrando os retratos da vida que encontrava em cada sinal vermelho do caminho.
O teatro , em fragmentos, se apresentava como ingrediente para o preparo de uma receita que desse sentido a vida.
Fui apanhando sonhos nas mãos de um malabarista que trocava seu talento por uns trocados.
Aparei gotas de esperança de uma garota que vendia balas, no semáforo, para a sua sobrevivência.
Peguei várias pitadas de otimismo no rapaz que lavava um carro entoando uma canção.
Armazenei a compaixão de um menino que atravessava um cego para o outro lado da rua.
Assimilei a determinação do rapaz paraplégico que fazia acrobacia usando sua cadeira de rodas como suporte.
Peguei um exemplo de amor de um senhor que arrecadava dinheiro para sua creche.
E, assim,captei a energia resultante da alquimia de todos os sentimentos percebidos nesse itinerário.
Após ter completado o meu percurso coloquei em prática os passos da receita de vida que aprendi com aqueles heróis do anonimato.
Juntei tudo que armazenei num grande reservatório interior e processei por algum tempo.
Após a mistura e assimilação dos ingredientes, acrescentei algumas gotas de confiança e gratidão pela vida.
E para ter certeza da consistência da receita, acrescentei o fermento do sorriso.
E, então, coloquei no sol para dourar enquanto preparava uma cobertura com a calda da alegria.
E, num momento bonito, daqueles que a gente se emociona tanto que perde a respiração, eu degustei o primeiro pedaço dessa receita infalível que dá sentido a vida.
Maria Helena Mota
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