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segunda-feira, 15 de março de 2010

A floresta perdida



A floresta era tão fechada que causava arrepios.
O medo era tão grande que causava fascínio.
O escuro era tão intenso que se tornava foco de luz.
As uivadas eram tão altas que viravam canção.
O vento era tão forte que acabava em brisa.
O frio era tão intenso que soltava fumaça.
As árvores eram tão altas que reverenciavam o chão.
As lendas eram tão assustadoras que despertavam coragem.
As bruxas eram tão más que despertavam piedade.
O desbravar era tão urgente que não esperava a razão.
O momento era tão breve que merecia o risco.
Pois, se o risco de morte é companheiro da vida,
o medo é a condição da coragem,
o escuro é a sombra da luz,
a altura é o chão da vertigem,
a lenda é o despertar do real,
a bruxa é o avesso da fada,
e a razão é a emoção ferida,
o que seria a vida,
senão uma busca às florestas perdidas?

Maria Helena Mota

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