domingo, 21 de março de 2010
A greve das letras
As letras fizeram greve
E não formavam palavras
O escritor ficou perplexo
Mas elas nem se importavam
Deitaram no alfabeto
Quase que em câmera lenta
O escritor as cutucava
E elas estavam sonolentas
O escritor ficou olhando
Com uma grande aflição
Como iria entregar no prazo
A sua composição?
Ficou tentando entender
O motivo do levante
Será que estavam deprimidas
E lhes deram algum calmante?
Só a letra S muito sensível
Acordou meio sinuosa
E chamou o escritor
Para um dedinho de prosa
Disse que estavam estressadas
De tanto ir pra lá e pra cá
Só andavam entre os dedos
Nem com os pés podiam andar
Eram acordadas qualquer hora
De dia ou de madrugada
Às vezes estavam exaustas
E ninguém se incomodava
Às vezes caiam em mãos
Que a elas maltratavam
Elas ficavam sem sentido
E até o acento lhes tiravam
Alguns deles nem sabiam
O seu sentido aplicar
Faziam tanta confusão
Que as faziam desmaiar
Elas também tinham direito
De ir e vir quando quisessem
Aí entraram numa oração
E Deus atendeu suas preces
Tinham o sonho de voar
E conhecer o infinito
Queriam na mão do vento
Ser um poema bem bonito.
Maria Helena Mota
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