Licença Creative Commons
O Blog é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
Baseada no trabalho presente em http://www.pintandoosetecomavida.blogspot.com.
.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dilema do cotidiano


(Imagem-Google Imagens)

Domingo passado, em torno das treze horas, estava me dirigindo ao aeroporto para levar uma amiga, do Rio de Janeiro, que estava em minha casa.
Numa avenida próxima à minha casa percebi um aglomerado de pessoas.
Pensei: um acidente!
Acertei!
Era um acidente de um carro com uma moto.
O meu olhar foi parar num olhar de uma senhora, aproximadamente sessenta e cinco anos, que estava no acostamento sentada num banquinho improvisado e com um corte na cabeça que sangrava.
Uma emoção me tomou rapidamente!
O meu olhar no olhar dela se encaixou!
Nada mais enxergava: só o olhar dela e o meu!
Um olhar de solidão , de um medo traspassado, de um silêncio inexpressivo, de um abandono ao acaso, de um coma temporário.
Ela não reclamava de dor, não chorava, só esperava.
Provavelmente, passou por tantas dores que aprendeu a enfrentá-las com resignação.
Imaginei que ela esperava o SAMU para levá-la ao hospital.
O que eu poderia fazer?
Tive vontade de tocar na sua mão e dizer: vai ficar tudo bem!
Percebi que não poderia fazer nada a não ser ficar do ladinho dela para acalentá-la com palavras de esperança , enquanto o socorro não chegava.
E a minha amiga, perderia o voo?
Que dilema!
Venceu minha amiga!
E a senhora ficou como sombra me acompanhando.
Aquele olhar não me abandonou até agora.
Lembro-me do seu vestido rosa, seu sapatinho preto e baixinho, seu cabelo preso para trás e, sobretudo, a expressão da sua face.
E agora várias perguntas me acompanham:
O que será que aconteceu com ela?
Estará em sua residência?
Estará internada?
Teve alguma sequela?
Sobreviveu?

Maria Helena Mota Santos

7 comentários:

  1. O trânsito é brutal e as pessoas irresponsáveis. Resuldato: tragédias.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Que dilema... =(

    Cada ser é um universo. Isso serviria de consolo, pois jamais entrarei e compreenderei totalmente a alma de outra pessoa. A menos que ela também seja a minha.

    Será que não é?

    Bjo Maria Helena!

    ResponderExcluir
  3. Oi amiga querida...
    Saudade de vir aqui!
    A vida é cheia de momentos assim, pequenos acasos em que nossos olhos se cruzam com outros, e temos vontade de segurar uma mão, avançar um afago, dizer uma palavra...
    A maior parte das vezes o destino nos impede de concretizar essa vontade que fica apenas em esboço. Um esboço incompleto, que depois nos persegue,pensando que poderíamos ter feito a diferença...naquele segundo que não pudemos agarrar.
    Carinhos
    MUITOS

    ResponderExcluir
  4. Peixes e batidas de carro costumam passar pela nossa frente, como sinais, iluminando o caminho e fortalecendo o espírito, para no futuro, estarmos preparados para atender ocorrências maiores.
    Com essa de domingo, certamente alguém daquele aglomerado, com mais tempo, estava incumbido da assistência e levou a senhora para atendimento. Ainda sentindo uma dor aqui e outra ali, porém se recuperando bem, está em casa.
    Aos outros, designados para outras causas, cabem dirigir-lhes boas energias e livres de preocupações.
    Assim, acredito, continua girando certo o mundo, ainda que políticos e corruptos insistem em contrariar leis naturais.
    Seu texto é um lembrete oportuno para todas as ocasiões. Parabéns. Grande abraço.

    ResponderExcluir
  5. OI VIM CORRENDO DAR UMA ESPIADA POR AQUI,FICA TRANQUILA ESSA SENHORA JÁ DEVE ESTAR EM CASA FELIZ COM SUA FAMÍLIA!
    BEIJO

    ResponderExcluir
  6. Helena, com certeza tem coisas que marcam nossa vida por mais simples que possa parecer. Entendo seu dilema.

    Bjs

    ResponderExcluir
  7. Tenho certeza que ela entendeu tudo que você falou pra ela com o olhar. Esses seus olhos doces devem ter expressado toda a confiança que aquela senhora precisava naquele momento. Ela entendeu que ia ficar tudo bem.

    Beijo

    ResponderExcluir