domingo, 4 de abril de 2010
Tornado
(Imagem-Google Imagens)
O céu ficou amarelo de medo quando o tornado chegou.
Embora, morasse nas alturas, ele temia pelos que estavam abaixo de si.
Tirou os seus óculos escuros e pediu ajuda ao sol que se escondeu
por detrás das nuvens que imperavam gloriosas e cantavam sua vitória perante a regularidade.
E o céu viu tudo que aconteceu do mirante privilegiado das alturas.
Sentiu em si as dores do mundo e, em particular, algumas dores.
Chorou pelo que perdeu o abrigo, construído por muitos anos, para um vento que antes era brisa.
Chorou por aqueles que não conseguiam chorar porque a dor transcendia ao limite normal da realidade.
Chorou pelos que saquearam sem piedade os que agora tinham tão pouco.
Chorou pelo que ficou na solidão após perder o que tinha de mais bonito na vida.
Chorou pelos que não foram atingidos pelo tornado e não deram a mão ao desabrigado.
Chorou pela lágrima invisível do guerreiro que ultrapassou seu egoísmo para acalentar a dor do outro.
Chorou sensibilizado ao ver o ferido levantando outro ferido.
Chorou pelos que hoje olhavam com perplexidade para o passado que estava tão próximo e parecia tão distante.
As lágrimas do céu chegaram até Deus que chorou lágrimas divinas e , piedosamente, enviou bons tempos para minimizar a força do tornado.
Cansado do livre arbítrio dado aos humanos, Ele tomou as rédeas da vida e entrou no palco para abrir novos caminhos.
E, com a sua mão mágica e poderosa, colocou esperança em cada coração atingido para que cada um, de acordo com a sua fé, retomasse a vida rumo a uma nova construção.
Maria Helena Mota Santos
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