quinta-feira, 8 de julho de 2010
De formiga à águia
(Imagem-Google Imagens)
Nascer formiga e enxergar muito além do caminho que precisa percorrer até uma folha pretendida. Fazer parte de uma fila de iguais e se sentir como se tivesse partes que sobressaíssem no corpo, insinuando asas arrependidas de nascer. Seguir um caminho, achando que ali é apenas um atalho criado pelo homem. Enxergar mais à noite como se nos olhos existissem pontos luminosos. Enxergar retas onde apenas existem pontos. Labutar, incansavelmente, em horas impróprias.
O corpo já não consegue deitar, completamente, sem um estado de vigília permanente. É como se a qualquer momento precisasse levantar para a mudança. Não poderia dormir sem sonhar nascendo asas e galgando outros mundos. Não poderia ficar acordada sem momentos furtivos de sonhos que se vestiam de timidez . Não era compreendida quando as lágrimas caiam aos “pés” de uma palavra. Afinal de contas, para os outros animais, era difícil ver formiga chorar!
Difícil era chorar sem remorso nos primeiros tempos de chuva. A culpa se fazia presente no corpo minúsculo e aparentemente frágil. E quando a culpa já transbordava no reservatório particular, jorrava ,impetuosamente , deixando marcas cinzentas por sobre o caminho . Não era possível permanecer sempre formiga se a vontade era de voar mais alto para enxergar a terra de outro ponto de referência. Permanecer, seria ficar e morrer com rastros de vida.
Um dia , a formiga renasceu com o dia e resolveu percorrer caminhos diferentes dos apontados. Foi difícil enxergar com suas lentes viciadas a trilhar os caminhos padronizados. Relutou em seguir ,em muitos momentos, e pensava desistir quando encontrou um bando de pássaros. Pássaros simpáticos, antipáticos, gabolas, autossuficientes, amigos, mestres e até terapeutas. O grupo era diversificado e misterioso mas muito necessário à formiga que pretendia voar. Um mostrou quão difícil seria o voar para ela. Acreditava pouco no poder da formiga. Alguns pássaros gostavam dela pelo seu silêncio . Afinal de contas naquele bando tinha “papagaio” demais.
A formiga percebia tudo e até se sentia vítima querendo voltar. Mas, encontrou pássaro amigo que paulatinamente foi lhe convencendo que o seu sonho não era grande demais. O Pássaro - terapeuta, o mais experiente do grupo, tomou partido e fez a formiga perceber que vivia morrendo de pena de si mesma e que essa condição era incompatível com o desejo de ser águia. Ela passou por várias e longas sessões até que percebeu o nascer das asas. O projeto de asas não estava no seu corpo, mas na sua mente.
Surpreendeu-se em viagens voadoras em pleno chão da vida e descobriu o prazer de voar sem, necessariamente, ter que aterrissar no tempo determinado pela torre de controle dos aeroportos da vida.
Não precisava também pedir permissão para voar em outros países e pousar em outro território.
Eram,enfim, asas invisíveis que a fizeram voar e pretender a altura das águias.
Maria Helena Mota
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Adorei, Adorei... que legal.
ResponderExcluiradorei.
ResponderExcluirobrigada pelos parabéns!
beijos, gabi
Oi Maria Helena,
ResponderExcluirLindo texto, muito edificante.
Bjks e boa noite.
Oi flor, sempre passo aqui rapidinho, né?
ResponderExcluirleio seus lindos textos e nem comento sobre eles. Desculpe por isso, é a correria da vida!
Este texto étão lindo quanto os outros, porém me senti um pouco formiga agora, huahuahuah...
na verdade estou sempre ajudando os outros e deixando meus sonhos, minhas vontades para depois. Fico feliz por vc gostar das dicas que dou em meu blog, pois saiba que vc tbm ajuda muito com seus textos, viu?
Gostei muito do que vc falou sobre o modo que escrevo, e nossa, fiquei feliz demais.
Eu nunca sei como escrever, se vou escrever tipo formal ou informal.
Mas sempre opto para o informal, hauhuahau
afinal é assim que sou. Gosto de deixar meu blog a minha cara, o mais parecido comigo.
Receber elogios é maravilhoso.
Muito obrigada msm, viu?
beejo grande pra vc":"