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sábado, 7 de janeiro de 2017

O voo do papel


(Google Images)


No chão, em frente a um prédio, uma pichação: TE AMO.
Num salão de festa, no mesmo prédio, as cadeiras esperam, "pacientes", pelos convidados.
No céu nuvens bordadas insinuam esboços humanos se amando.
Dois pássaros passam brincando de esconde-esconde como meninos arteiros.
Um adolescente passa cabisbaixo, provavelmente, pensando o que fazer sábado à noite.
Uma jovem senhora passa puxando pelo braço seu filho “doentinho”.
Vários carros passam em fila, na avenida, como se tivessem marcado a hora do encontro.
Pessoas passam arrastando as sandálias com a falta de pressa do sábado.
A tarde fica sonolenta e o divagar ,do poeta, é inevitável e sem pressa.
O poeta fica na letargia do tempo, da rua, da avenida e da cidade.
Assume o embalo calmo das pessoas que passam na rua.
Assume o palpitar macio do pulso da rua que ecoa no coração da cidade.
O poeta quer olhar pra rua e não quer olhar na sua própria avenida.
Assume a dinâmica do movimento que não para, embora pareça lento.
Resolve emprestar o seu olhar pra vida cirandar como quiser e quando quiser.
Subitamente, um papel sai do chão e voa e volta e, depois, cai para voar de novo.
O papel desperta um fascínio no poeta que resolve acompanhar sua trajetória.
O papel traz de volta um brilho “travesso” no seu olhar e desperta a criança adormecida.
O poeta resolve sair de si e divagar nos braços da sua alma pueril.
Deixa-se guiar pelas asas do papel que sobe ou desce conforme a direção do vento.
Assume a condição de papel, que o vento leva, e põe sua alma nessa vida itinerante e imprevisível.
Não sabe quando vai parar e o quanto vai aprender, nessas passagens, nos braços do vento.
Vai se deixando levar , sem controle, esquecendo o que acontece na periferia.
Vai sentindo a leveza de ser papel e voar, cair, voar, cair...voar!

Maria Helena Mota Santos

4 comentários:

  1. Minha boa amiga Helena!

    No voo do papel
    transportas emoção
    que rima com coração
    sem olhar à condição.
    "Voar cair, cair ...voar"
    aí, ou em qualquer lugar.
    Na luz do encanto
    não lugar ao pranto.
    Assumir a condição de papel
    quer seja homem ou mulher
    na leveza do ser
    com fé no tudo querer
    na periferia de nós
    acompanhados ou a sós.
    O ano que acabou de nascer
    vestido de sonhos
    dos bons, pois, dos outros
    não reza a história.

    Um abraço com voos de papel.

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    1. Amigo Adriano, obrigada por tanta maestria em expressar sentimentos com tanta sutileza. Realmente o voo do papel reflete muito da nossa história de vida. "Voar, cair, cair...voar" é próprio de quem optou por viver intensamente o que a vida impõe. Nos voos e nas quedas crescemos... Obrigada pela linda poesia! Um ótimo final de semana! Abraços!

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  2. Olá, Helena!
    A pressa é amiga da perfeição.No verso na luz do encanto não há lugar ao pranto.Faltava o há. Sorry.

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    1. Olá. amigo! Nada falta quando se ler com os olhos do coração! Você escreve com sentimento e isso torna perfeito tudo que expressa! Abraços!

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