sexta-feira, 25 de junho de 2010
A sinfonia de um momento
(Imagem-Google Imagens)
A sinfonia de um momento
Uma senhora na janela. Uma rede na varanda. Um rapaz passa na calçada e um menino passeia de bicicleta na rua. Um pássaro voa em frente à casa e um outro pousa no telhado. A senhora aparece em outra janela...
A casa parece calma mas outro pássaro passa pela frente e pousa no lado oposto ao primeiro. Uma pessoa passa na calçada, carregando uma sacola, andando rápido para buscar não sei o quê.
Parei um minuto para visualizar uma casa, da minha janela de apartamento, e percebo como é dinâmico o minuto da vida. Nada parece parar mesmo que eu pare ou que eu me transporte para outra dimensão. Há sempre uma melodia de movimento pairando no ar.
Fechando os olhos, escuto o murmúrio do mundo e não sei identificar quais são os limites dos ruídos que captei. Voz de gente, ruídos de carro, do farfalhar das árvores, do balançar das roupas no varal, gemidos de criança, o som da flor se abrindo, o zigue-zague das aves voando, um cachorro latindo... e, neste entorpecimento, sinto o odor da vida no ar.
Uma voz me tira do meu “concentrar na vida”. Paro, abro os olhos, respondo meio assustada, como se tivesse num sonho e fosse acordada para o real. A cabeça aciona um reflexo de dor, como se fosse uma revolta por ter sido levada a virar o pescoço para escutar o outro lado do cotidiano que está, após a janela do meu apartamento , exatamente do meu lado direito.
E assim, volto para o cotidiano de mim mesma, pois preciso sair para pagar contas de débitos da vida. E agora eu posso ser protagonista de um outro poeta que estiver espreitando a janela da vida...
Maria Helena Mota Santos
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