sábado, 19 de junho de 2010
Efêmero
(Imagem-Google Imagens)
Após o efêmero vem o gosto cinza da realidade, o despertar amargo, a lentidão dos músculos e o olhar opaco.
Após o efêmero, o dia fica da cor da Alma, agora incolor, e os ruídos da alegria postiça do ontem ecoam como uma tristeza oculta sem pressa de aterrissar e levantar voo.
Após o efêmero as flores parecem murchas. O tempo parece ter parado com o dia e dança uma valsa anêmica no pôr do sol da hora da saudade. Os pássaros acompanham a dança piando seu choro lânguido.
Após o efêmero, o amor não parece reluzir e nem os estímulos estimulam. Catam-se detalhes e se balbuciam palavras soltas e preguiçosas, como se nada mais pudesse jorrar da Alma. É como se o reservatório da alegria tivesse esgotado e toda reserva fosse para o túnel da tristeza.
Após o efêmero, a primavera parece sem flor e sem cor. A dor dói sem arte. Ela faz ressonância no lado esquerdo do peito e nem se sabe se é dor ou se uma pausa da euforia.
Após o efêmero, não há encontro. Os sentimentos desfilam, mas não se identificam. Não se sabe qual a cor, a idade, a procedência e a vida útil. Só se sabe que esses sentimentos não são precursores da alegria.
Após o efêmero, vive-se apenas o morrer da fantasia que se usou nos carnavais da vida.
Maria Helena Mota
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Vc tem o dom...dom das palavras que tocam aqueles que nem sabe onde estão =p
ResponderExcluirlinda!
=*
Oi Maria Helena,
ResponderExcluirque poema lindo!
"É como se o reservatório da alegria tivesse esgotado e toda reserva fosse para o túnel da tristeza".
Que frase poderosa!
Bjkas e um ótimo sábado para vc.