sábado, 30 de março de 2019
Raios de sol
Acredito que ao nascer comprei um estoque de raios de sol para gastar nos dias nublados da vida.
Abrindo-me em sorrisos fui caminhando pelas estradas e bifurcações da vida.
Encontrei pelo caminho situações e pessoas que me acrescentaram pelo amor ou pela dor.
Hoje num dia pálido e chuvoso, em pleno verão, não consigo encontrar o meu estoque de raios de sol.
Olho pra dentro, mexo e remexo, contorço-me, vou para lá e para cá ,no canto da alma, e meu estoque parece que acabou, sem aviso prévio.
Concentro-me, mentalizo luz, aciono palavras iluminadas, e as nuvens continuam insistindo em ficar.
Nada se traduz como prenúncio de claridade.
Coloco lentes coloridas, sorrio e abro os braços, num ângulo de cento e oitenta graus, para abraçar a vida.
Olho para o céu na esperança de novas cores e ele permanece da cor da tristeza.
Contorço-me! Não caibo em mim.
Não é da minha natureza essa tristeza intensa que queima no meu peito como fogo ardente em estado de combustão.
Espero! As horas não passam! O telefone não toca! A vida está em coma!
O tempo parece infinito diante do meu desejo de que ele passe rápido.
Vislumbro um novo ano em pleno janeiro da vida.
Saio correndo de mim e vou buscar raios de sol nas calçadas da vida, nas amizades, no amanhecer de cada dia.
Encontro a luz em lugares inesperados.
Nos passantes solitários, nos olhares tristes, na dor da despedida, num olhar pueril, no sorriso inocente de uma criança, num gesto amigo e delicado, na vida....
Resolvi sair do meu caos e passear no caos do mundo e, certamente, renovarei meu estoque de raios de sol.
Maria Helena Mota Santos
04/02/2010
quarta-feira, 27 de março de 2019
Paradoxo
Tão frágil
Que se vestiu
De fortaleza
Congelou
Suas lágrimas
E engessou
Sua tristeza
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 26 de março de 2019
Meu sonho
O meu sonho
é seguir sonhando
e pintando cores
no meu dia a dia
Tenho o sonho
de sonhar
com a realidade
vestida de fantasia
O meu sonho
é flutuar
nas asas leves
da poesia
Tenho sonho
de escrever
versos de amor
todos os dias
O meu sonho
é não me opor
ao sonho
que se insinua
Tenho sonho
de plantar
e regar a flor
de cada rua
O meu sonho
é levitar
e conhecer
o infinito
Tenho sonho
de deixar o mundo
bem mais pertinho
do paraíso
Maria Helena Mota Santos
sábado, 23 de março de 2019
Espetáculo
Às vezes penso
que viver
é sonho
e se eu acordar
perderei o espetáculo
dos enredos
que escrevi
Às vezes penso
que moro
num palco
e se não atuar
perderei meu papel
e serei
só plateia do que fui
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 20 de março de 2019
Malabarismo
Olha a moça! Com malabarismo, levando seu cesto, entoa uma canção.
Olha a moça! Morrendo de frio no meio da chuva do seu coração.
Olha a moça! Com seu cobertor, cobrindo seu mundo, não perde o gingado.
Olha a moça! Cabelo molhado e os pés bem cansados do sapateado.
Olha a moça! Olhar no presente, o futuro distante, mas tem fantasia.
Olha a moça! Visitar a cidade, conhecer as paisagens, é o que mais queria.
Olha a moça! Com grande equilíbrio desfila na vida carregando seu pote.
Olha a moça! Que mata a sede, ajuda o vizinho e faz o que pode.
Olha a moça! Vestido pintado, do dia suado , de tanta labuta.
Olha a moça! Ficar sem comida, sem água da chuva é o que lhe assusta.
Olha a moça! Que quando nasceu já foi escolhida a sua profissão.
Olha a moça! Não tem depressão porque no sertão não tem disso não.
Olha a moça! Que olha pro céu e fica perplexa ao ver um avião.
Olha a moça! Que brota bonita e é a paisagem mais linda que há no sertão.
Maria Helena Mota Santos
11/03/2010
terça-feira, 19 de março de 2019
São José e o sertanejo
HOMENAGEM AO DIA DE SÃO JOSÉ!
O sertanejo olha para o céu
Catando nuvens alvissareiras
Que tragam uma tromba d’água
Pra ter colheita de primeira
Entoa cânticos e vai orando
Andando com o pé no chão
Se São José não mandar chuva
Será um ano de aflição
Acorda com uma euforia
Que na luz do sol pode morrer
Porque pra ele o dia lindo
É quando começa a chover
Ele fica o dia todo
Olhando para as alturas
Pois se hoje tiver chuva
Será um ano de fartura
E entre terços e novenas
Seu destino vai desfiando
Se chover tem sobrevida
E boa colheita todo o ano
Se não bastasse o sacrifício
Tem uma promessa pra fazer
Faz um sorteio de uma fruta
Que passa o ano sem comer
Se cair chuva vai ter festa
Tem samba de roda e forró
Mas se o sol prevalecer
Fica triste que dá dó
E São José seu Protetor
Teve com Deus uma conversa
Pedindo que mande chuva
Pra que hoje haja festa
Maria Helena Mota Santos
O sertanejo olha para o céu
Catando nuvens alvissareiras
Que tragam uma tromba d’água
Pra ter colheita de primeira
Entoa cânticos e vai orando
Andando com o pé no chão
Se São José não mandar chuva
Será um ano de aflição
Acorda com uma euforia
Que na luz do sol pode morrer
Porque pra ele o dia lindo
É quando começa a chover
Ele fica o dia todo
Olhando para as alturas
Pois se hoje tiver chuva
Será um ano de fartura
E entre terços e novenas
Seu destino vai desfiando
Se chover tem sobrevida
E boa colheita todo o ano
Se não bastasse o sacrifício
Tem uma promessa pra fazer
Faz um sorteio de uma fruta
Que passa o ano sem comer
Se cair chuva vai ter festa
Tem samba de roda e forró
Mas se o sol prevalecer
Fica triste que dá dó
E São José seu Protetor
Teve com Deus uma conversa
Pedindo que mande chuva
Pra que hoje haja festa
Maria Helena Mota Santos
segunda-feira, 18 de março de 2019
Incertezas
No terreno fértil
dos porquês
descobri a sabedoria
das perguntas
sem respostas
Em terreno íngreme
e nas pausas
para as esperas
encontrei
o silêncio salvador
Percebi
nas entrelinhas
que as respostas
desencantam o fascínio
do saber
As perguntas
abrem caminhos
e aguçam um tempo
aprendiz
de incertezas
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 15 de março de 2019
Atitude
Prefiro ser a ausência
Do que a presença não consentida
Prefiro a distância que aproxima
Do que a proximidade que afasta
Prefiro caminhar sozinha
Do que ser eco de outros passos
Prefiro chorar minhas lágrimas
Do que sufocar meu sorriso
Prefiro encarar minha dor
Do que maquiar o prazer
Prefiro enfrentar a verdade
Do que me aliar à mentira
Prefiro sofrer decepção
Do que me prevenir do amigo
Prefiro a lentidão dos minutos
Do que embriagar minhas horas
Prefiro esperar o meu tempo
Do que abortar uma vida
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 13 de março de 2019
Grafiteiros da saudade
Fiz grafite na janela
Com matizes de saudade
Fiz rabiscos de um sonho
Sem objetivar realidade
Na linha mestra de uma asa
Esbocei um pássaro livre
Que me levava urgente
A lugares imperdíveis
Fiz grafite irreverente
De momentos distraídos
Fiz o meu eu se desnudar
E caminhar sempre comigo
Esbocei o improvável
Na linha imprecisa do tempo
Desmascarei as certezas
E passeei contra o vento
Fiz grafite no coração
Com matizes de alegria
Dei alforria à solidão
Parti em minha companhia
Maria Helena Mota Santos
sábado, 9 de março de 2019
Eu sou
Eu sou
Uma brisa suave
Que pousou no acaso
E se fez gente
Eu sou
Um tom solitário
Que pousou num acorde
E se fez canção
Eu sou
Um sentimento profundo
Que pousou em um verso
E se fez poesia
Eu sou
Um barquinho de papel
Que remou pelo mar
E se fez infinito
Eu sou
Uma pétala ao vento
Que pousou num jardim
E se fez flor
Eu sou
Um pedacinho de saudade
Que pousou num coração
E se fez amor
Maria Helena Mota Santos
sexta-feira, 8 de março de 2019
Homenagem ao dia Internacional da Mulher!
Era uma vez
Uma menina
Que no mundo
Desembarcou
Trouxe em si
A essência
Da sutileza
E do amor
Era uma vez
Uma menina
Que no universo
Levitou
Para aprender
A voar com Anjos
E espalhar
Pétalas de flor
Era uma vez
Uma menina
Que com o infinito
Se mesclou
Para aprender
A não ser estanque
E uma nova pele
Resgatou
Era um vez
Uma menina
Que tinha em si
A cor do amor
Foi crescendo
E com o tempo
Em Mulher
Se transformou
Maria Helena Mota Santos
quarta-feira, 6 de março de 2019
Indagações
O que dizer?
Nem sempre se tem palavras
Quando calar?
Nem sempre se tem silêncio
Quando seguir?
Nem sempre se tem estrada
O que fazer?
Nem sempre se tem clareza
Pra onde ir?
Nem sempre há um lugar
Como ajudar?
Nem sempre se tem a forma
Quando mudar?
Nem sempre se tem coragem
Quando amar?
Sempre que o coração pulsar
Maria Helena Mota Santos
terça-feira, 5 de março de 2019
Será?
Do jeito que foi
nunca será
do jeito que teria sido
se não fosse
Do jeito que é
nunca poderá ser
do jeito que seria
se não tivesse sido
Do jeito que seria
nunca teria sido
se não fosse
do jeito que é
Será que o que foi
teria sido
do jeito que é
se não fosse?
Maria Helena Mota Santos
domingo, 3 de março de 2019
A dor do mundo
Ainda sinto
O mundo doer
Em mim
E por sentir
A dor do mundo
Ainda vivo
Porque viver
É mais que anestesiar
Dores
E inventar amores
Viver é palpitar
Sorrisos
E lágrimas
É sobretudo
Não perder as asas
Maria Helena Mota Santos
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