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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Efêmero


(Imagem-Google Imagens)



Após o efêmero vem o gosto cinza da realidade, o despertar amargo, a lentidão dos músculos e o olhar opaco.

Após o efêmero, o dia fica da cor da Alma, agora incolor, e os ruídos da alegria postiça do ontem ecoam como uma tristeza oculta sem pressa de aterrissar e levantar voo.

Após o efêmero as flores parecem murchas. O tempo parece ter parado com o dia e dança uma valsa anêmica no pôr do sol da hora da saudade. Os pássaros acompanham a dança piando seu choro lânguido.

Após o efêmero, o amor não parece reluzir e nem os estímulos estimulam. Catam-se detalhes e se balbuciam palavras soltas e preguiçosas, como se nada mais pudesse jorrar da Alma. É como se o reservatório da alegria tivesse esgotado e toda reserva fosse para o túnel da tristeza.

Após o efêmero, a primavera parece sem flor e sem cor. A dor dói sem arte. Ela faz ressonância no lado esquerdo do peito e nem se sabe se é dor ou se uma pausa da euforia.

Após o efêmero, não há encontro. Os sentimentos desfilam, mas não se identificam. Não se sabe qual a cor, a idade, a procedência e a vida útil. Só se sabe que esses sentimentos não são precursores da alegria.

Após o efêmero, vive-se apenas o morrer da fantasia que se usou nos carnavais da vida.

Maria Helena Mota Santos

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