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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luzes do Natal


(Imagem-Google Imagens)

Eu passava por ali
Passos lentos
Distraída
Pensando na vida

Ele estava lá
Deitado na calçada
Na penumbra da noite

Cabeça apoiada num bornal
Barbas compridas
Pele morena
Roupas surradas
Cabelos opacos
Silhueta magra
Olhos fechados
Rascunho de gente

Olhei para a praça
E as luzes piscavam
Anunciando o Natal

Enquanto a sua luz apagava
As luzes do Natal reluziam

As luzes anunciavam o Salvador
E ele precisava de salvação

As luzes anunciavam confraternização
E ele precisava de um pedaço de pão

As luzes anunciavam o amor
E ele precisava de um cobertor

As luzes intensificavam afetos
E ele precisava de um teto

As luzes anunciavam o Redentor
E ele precisava de amor

Enquanto a sua luz apagava
E as luzes do Natal reluziam
A sua esperança tirava férias
E a solidão assumia o posto

Estava ali naquele dia
Não sabia onde estaria no outro
E as luzes do Natal que reluziam
Só encandeavam seu rosto

Maria Helena Mota Santos




Não me é possível deixar de destacar o comentário do meu querido amigo Lupo.
As ponderações e informações que ele nos passa é de muito interesse para que sejam amenizadas as mazelas da vida.
Mais uma vez, obrigada Lupo!
Bjs


Oi querida!

Desigualdade social, falta de oportunidade, desvio comercial do sentido do natal (amor, fé, caridade, comunhão...), tantas coisas podem ser vistas nessa sua poesia.

Não pude deixar de reparar a ligação forte deste texto com o meu "Do Outro Lado da Calçada" e principalmente com a maravilhosa crônica feita ontem pela Fofa "Papai Noel no Brasil".

Apesar de mostrar uma realidade dura e dolorida, adorei sua poesia e penso que todos devem lê-la com o coração, imaginar a cena e principalmente se colocar no lugar deste senhor, imaginar sua história e o que o levou a chegar a este ponto. Também penso que muitos de nós podemos fazer "um pouquinho a mais", sem esperar pelo governo (apesar de ser sua obrigação). Existem diversas ONGs nas cidades que ajudam os excluídos, não só os indigentes.

Em Santos, cito a ACAC e a TAMTAM. Quem quiser mais informações pode entrar em contato comigo. A Carol (que certamente comentará seu texto) também pode falar algo da instituição que ela ajuda.

Fico muito feliz quando vejo esses laços de pensamento nas coisas que escrevemos. De formas diferentes, percebemos as mesmas coisas, olhamos para a mesma direção.

Um beijo grande querida!



Comentários de Carol do Blog da fofa

Impossível não chorar diante de um comentário que é pura poesia da realidade.
Quero compartilhar, com cada um de vocês, a pessoa maravilhosa que conheci no mundo virtual! Minha amiga Carol, do blog da fofa(http://carolcorderosa.blogspot.com) , é imperdível!
Sou sua fã, minha querida! Bjs


Ah Maria Helena, até me arrepiei. Sei que "ele estava lá deitado nas calçadas" representa um conjunto dos "eles que existem nesse mundão". Mas, o "rascunho de gente" do seu poema, me lembrou um rascunho que eu conheci pessoalmente, que já era um senhorzinho. Eu tinha uns doze anos, e roubava comida da geladeira da minha mãe com um copo de coca-cola, e todo dia levava pra ele. Em um desses dias, o último que eu o vi, ele fez para mim dois desenhos, um do meu rosto, o outro do "Charles Chaplin". Como o Lupo disse todos têm uma história e a dele era muito triste... As vezes me pego pensando o que será que aconteceu com aquele rascunho, mas ainda guardo os desenhos da despedida. No caso das Ongs, a que eu trabalho ajuda dependentes químicos, que se tornaram escravos de substâncias químicas por não aguentarem conviver com a própria realidade. Identifico-me com eles. Não uso drogas ou qualquer coisa do gênero, mas criei o meu mundinho cor de rosa, por não aceitar a vida como ela é... Maria Helena, o nosso encontro de almas acho que vem se repetindo por várias vidas. Linda a forma como sentimos as coisas do mesmo jeito e nos expressamos com a mesma dor ou alegria. Amei o seu poema, "viajei" nele. Sua sensibilidade a flor da pele, suas comunidades do orkut (participo inclusive da "Estrela Maria Helena")só me aumentam o desejo de conhecer essa pessoa tão linda, tão pura que é você. Já te amo, minha amiga.Baijos no seu coração.

9 comentários:

  1. Oi querida!

    Desigualdade social, falta de oportunidade, desvio comercial do sentido do natal (amor, fé, caridade, comunhão...), tantas coisas podem ser vistas nessa sua poesia.

    Não pude deixar de reparar a ligação forte deste texto com o meu "Do Outro Lado da Calçada" e principalmente com a maravilhosa crônica feita ontem pela Fofa "Papai Noel no Brasil".

    Apesar de mostrar uma realidade dura e dolorida, adorei sua poesia e penso que todos devem lê-la com o coração, imaginar a cena e principalmente se colocar no lugar deste senhor, imaginar sua história e o que o levou a chegar a este ponto. Também penso que muitos de nós podemos fazer "um pouquinho a mais", sem esperar pelo governo (apesar de ser sua obrigação). Existem diversas ONGs nas cidades que ajudam os excluídos, não só os indigentes.

    Em Santos, cito a ACAC e a TAMTAM. Quem quiser mais informações pode entrar em contato comigo. A Carol (que certamente comentará seu texto) também pode falar algo da instituição que ela ajuda.

    Fico muito feliz quando vejo esses laços de pensamento nas coisas que escrevemos. De formas diferentes, percebemos as mesmas coisas, olhamos para a mesma direção.

    Um beijo grande querida!

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  2. A única coisa que lamento é que o Natal tem virado cada vez mais época do consumismo.

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  3. Minha amiga...quantas verdades em seus versos..a beleza e a tristeza de mãos dadas...
    Poucos são os que enxergam as necessidades em meio à multidão...em meio a tanta euforia...

    Ao vermos cenas assim nosso coração fica pequeno...apertadinho, pedindo a Deus que traga ventos de mudança... que possa suprir a falta do alimento fisico e espiritual....

    Lindo poema...e com uma interação magnifica...beijo aos dois...

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  4. Ah Maria Helena, até me arrepiei. Sei que "ele estava lá deitado nas calçadas" representa um conjunto dos "eles que existem nesse mundão". Mas, o "rascunho de gente" do seu poema, me lembrou um rascunho que eu conheci pessoalmente, que já era um senhorzinho. Eu tinha uns doze anos, e roubava comida da geladeira da minha mãe com um copo de coca-cola, e todo dia levava pra ele. Em um desses dias, o último que eu o vi, ele fez para mim dois desenhos, um do meu rosto, o outro do "Charles Chaplin". Como o Lupo disse todos têm uma história e a dele era muito triste... As vezes me pego pensando o que será que aconteceu com aquele rascunho, mas ainda guardo os desenhos da despedida. No caso das Ongs, a que eu trabalho ajuda dependentes químicos, que se tornaram escravos de substâncias químicas por não aguentarem conviver com a própria realidade. Identifico-me com eles. Não uso drogas ou qualquer coisa do gênero, mas criei o meu mundinho cor de rosa, por não aceitar a vida como ela é... Maria Helena, o nosso encontro de almas acho que vem se repetindo por várias vidas. Linda a forma como sentimos as coisas do mesmo jeito e nos expressamos com a mesma dor ou alegria. Amei o seu poema, "viajei" nele. Sua sensibilidade a flor da pele, suas comunidades do orkut (participo inclusive da "Estrela Maria Helena")só me aumentam o desejo de conhecer essa pessoa tão linda, tão pura que é você. Já te amo, minha amiga.Baijos no seu coração.

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  5. Puxa, Maria Helena!Foste brilhante!

    A triste realidade com que convivemos nas ruas e cidades contrastando com as luzes do Natal, que muitas vezes são acesas apenas no exterior e não dentro de nós.

    Que despertem os sentimentos bons e tomara não precisássemos presenciar tais diferenças. beijos,tudo de bom,chica

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  6. MUITAS PESSOAS SOFREM COM A POBREZA,FALTA DE MORADIA ,EMPREGO ,AMOR ,CARINHO A FOME É GERAL EM TODOS OS SENTIDOS!
    E NO NATAL O POVO SÓ PENSA NO CONSUMISMO DESENFREADO!
    BEIJO

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  7. Querida amiga...
    Esses são os contrastes de todo o dia, que as luzes de Natal tornam mais gritantes e tristes.
    Linda a sua poesia!!
    CARINHOSSSS

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  8. OI Maria Helena,
    Realmente há muita desigualdade social neste mundo e doi não poder fazer algo para amenizarmos isto.
    Vc me fez lembrar que eu fazia móveis de caixa de fósforos tb! Não era por necessidade, eu tinha muitos brinquedos, era por criatividade. Embrulhava as caixinhas em papel de presente, colava e lá estava uma poltrona, um sófá, uma caminha. Que recordação maravilhosa vc me trouxe!
    Bjkas e uma ótima noite para vc.

    http://gostodistonew.blogspot.com/

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