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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A queda do dia


(Imagem-Google Imagens)

Sonhei que o dia estava caindo numa velocidade inalcançável.
Tentei convencê-lo do quanto ele poderia ser encantado pelo sol.
Orientei-o a tomar banho de mar para lavar os resquícios da noite escura.
Mostrei a beleza dos campos e dos pássaros que voavam com direção.
Dei-lhe a mão para que ele pudesse aterrissar e ofereci uma bebida quente.
O dia sentou ao meu lado,cabisbaixo, e reclamou da escuridão da noite passada.
Disse-me que a lua adoeceu,acometida por um eclipse, e tirou folga, impedindo-o de armazenar luz.
Então emprestei os meus olhos para que ele pudesse enxergar a luz própria.
Falei da beleza da sua companhia e que já não me sentia só.
O dia me olhou cheio de promessa e resolveu cumprir sua missão.
Ergueu-se! Buscou o sol armazenado dentro de si e abriu um belo sorriso.
E soltou da minha mão para entrar no seu turno até ser rendido pela noite.
E foi sorrindo numa claridade impressionante e inimaginável.
E depois virou noite para no outro dia amanhecer.

Maria Helena Mota Santos

2 comentários:

  1. Mãe, quando eu nasci ganhei de Deus um estoque de raios de sol. Percebi que era preciso iluminar o universo, então, nas asas do destino uma borboleta pousou e me convidou a alçar voo pelos jardins. Fui e em meio às rosas mais belas e cheirosas, notei coisas aparentemente inacreditáveis. Vi que o vazio pode ser cheio e existe tristeza da paz. Com o paradoxo entendi que quando as cortinas se fecham é que o espetáculo de si mesmo acontece. Depois de voar pelos jardins notei que faltava o pedaço de mim. Quem encontrou algum pedaço de mim? Ninguém me respondeu, fiquei triste e então compreendi que na vida há o silêncio de uma nota só e que era hora de agir para a tristeza não achar que minha alma é lugar cativo. A dor foi inevitável, mas eu sublimei e aprendi a dançar ao compasso da dor e consegui convencê-la a dançar de outro jeito. Dançamos, pedi ao sambista para abrir alas para alegria que a tristeza queria passar. Cansei. Pus o dia em pauta e percebi que cada dia é um projeto sem garantias. Segurei o por do sol para a chuva não cair. Caiu. E em meio à cinza que restou vi que tinha outras cores no meu ser para pintar uma nova tela e assim, entre os quadros borrados da vida, divaguei em novos sonhos e embarquei em recomeço. Feliz!

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  2. A atitude do poeta diante do dia é a prova de que nós, poetas ou não, podemos direcionar o nosso dia, invocar energias boas para o nosso dia, dar-lhe o contorno da nossa alma. Para isso, precisamos estar abertos, leves para erguer a cabeça e também o dia. Levá-lo como bom companheiro, lado a lado, e não carregá-lo atrás de nós como um peso, um fardo... As sua palavras são ricas de lições, lembrei da nossa conversa, das suas orientações. Beijos!!!

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